Título: Teste político na eleição para o TCU
Autor: Gama, Júnia ; Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 21/09/2011, Política, p. 4

Definição sobre o novo ministro da corte colocará em disputa a força dos partidos no apoio aberto a sete candidatos. Votação secreta aumenta chances de surpresas

As promessas de uma relação mais próxima com o Congresso marcaram os discursos dos candidatos à vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), na véspera da eleição. Aprovados pela sabatina de deputados ontem, sete candidatos enfrentarão uma eleição apertada na manhã de hoje. Durante a sabatina na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, os pretendentes ao cargo de ministro do TCU defenderam, entre outras coisas, uma ação mais pedagógica do que punitiva no tribunal.

A poucas horas de a votação ter início, a eleição promete surpresas. Especialmente por causa do voto secreto, que facilita a possibilidade de traições dentro das bancadas e aos acordos partidários. Com a regra da maioria simples, um voto de diferença pode determinar a vitória. Nesse cenário, travam uma disputa particular os deputados Ana Arraes (PSB-PE) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) ¿ com leve favoritismo para a parlamentar pernambucana.

Ana Arraes conta com o filho, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como principal arma para conquistar votos. "Ele é presidente do meu partido, é natural que me apoie", defende-se Ana, quando questionada sobre o empenho do governador em sua campanha. No lobby para emplacar a deputada, o vice-governador de Pernambuco, João Lyra, o secretário da Casa Civil do estado, Tadeu Alencar, e até o prefeito de São Lourenço da Mata (PE), Ettore Labanca (PSB), acompanharam a sabatina.

Polarização A pressão do governo pernambucano mereceu até alfinetada de Rebelo. "Não vamos voltar à época em que deuses queriam substituir a política na tomada de decisões", disse o deputado, em seu discurso. "Hoje não são mais os deuses, são as corporações públicas e privadas que tentam substituir a política." O deputado Átila Lins (AM) é o elemento que promete tirar da disputa a polaridade entre Aldo e Ana. Lins apostou em um discurso de aproximação com o Congresso para conquistar votos. "O TCU precisa de uma ação mais pedagógica e menos punitiva. Só assim será capaz de tornar as gestões públicas mais eficientes", pregou.

Ontem, na última hora,o deputado Sérgio Brito (PSC-BA) retirou a candidatura. A maior parte da bancada deve descarregar os votos em Ana Arraes.

» Colaborou Júlia Schiaffarino