Expedia usa dólar e web para crescer no Brasil

João José Oliveira 

09/09/2015

Apesar da crise econômica no Brasil, uma conjuntura que reduziu as vendas de viagens em 15% no país este ano, a Expedia, vice líder mundial no setor de turismo on-line - atrás da Priceline -, prevê dobrar a taxa de crescimento no país este ano ante 2014. O grupo prevê expandir a carteira de hotéis e diversificar os negócios apostando na ainda baixa penetração das compras de viagens pelos brasileiros na plataforma digital e no câmbio cada vez mais favorável aos viajantes estrangeiros.

"Crescemos 55% em 2014 e este ano, até agora, estamos com expansão de 90%, mais que a média do grupo no mundo", disse o diretor da empresa para América do Sul, Rafael del Castillo. A companhia, dona de marcas como Hoteis.com e Trivago, não detalha o balanço operacional por países. Mas informa que no mundo cresceu 15% no primeiro semestre deste ano ante igual período de 2014, atingindo receita de US$ 3 bilhões entre janeiro e junho.

O Brasil é o segundo maior mercado da Expedia na América Latina, atrás do México. Segundo levantamento mundial da consultoria eMarketer, a venda de viagens pela internet cresceu 34,2% no Brasil em 2014, atingindo R$ 24,8 bilhões. Para este ano, a firma projeta avanço de 14%, em dólar. Já o conjunto total da indústria brasileira de turismo - lojas físicas e internet - cresceu cerca de 7% ano passado, segundo o Ministério do Turismo, somando R$ 40 bilhões, e deve fechar 2015 estagnada.

Com a depreciação do real, a Expedia aproveita a maior demanda pelos destinos turísticos no país. Entre os brasileiros que compram viagens nos sites da empresa, a fatia dos que buscam destinos nos Brasil subiu de 50%, há um ano, para 60, hoje. "O dólar a R$ 2 não era interessante. Agora, perto de quatro reais, o câmbio torna o Brasil muito mais competitivo", disse Castillo.

Por causa da maior procura, entre os brasileiros, por viagens nos canais on-line, e com o maior interesse dos turistas locais e estrangeiros pelos destinos domésticos, a Expedia aumentou a quantidade de hotéis e pousadas dentro de seu site em 50% nos últimos 12 meses. "O Brasil tem 10 mil hotéis e pousadas, e cerca de 90% desse total é independente, precisa de um canal de distribuição na internet", disse Castillo.

Para suportar essa expansão, a Expedia vem contratando - algo raro na conjuntura de crise. O número de funcionários do grupo no país subiu de 70 para 90 pessoas em oito meses. Entre as metas da companhia agora está aumentar a oferta de hotéis no Nordeste e no interior das regiões Sul e Centro-Oeste. "A economia no interior no país. está mais ativa que nos centros", afirma o executivo da Expedia.

A empresa quer usar outros canais para acelerar vendas, como o programa de fidelidade, implementado aqui em agosto, e atuar de forma mais agressiva no segmento corporativo. Mas a Expedia, que anunciou em março último a compra de 10% da Decolar.com por US$ 270 milhões, um mês depois de divulgar a aquisição da Orbitz por US$ 1,6 bilhão, descarta novas compras no país no momento. "Nosso foco agora é o crescimento orgânico", disse Castillo.

Valor econômico, v. 16 , n. 3837, 09/09/2015. Empresas, p. B6