Fim do grau de investimento era questão de tempo, diz a ‘ Economist’

 

O globo, n. 29985, 11//09/2015. Economia, p. 24

 

A perda do grau de investimento que havia sido conferido ao Brasil em 2008 pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s foi destaque ontem em alguns dos veículos de comunicação mais importantes do mundo. Para a “Economist”, a mais renomada revista de economia e finanças do mundo, a decisão em si não surpreendeu.

“O mistério é não ter acontecido antes”, diz o texto, acrescentando que o país tem “chance de um em três de afundar cada vez mais em território especulativo.”

O assunto também apareceu em destaque na edição europeia do diário britânico “Financial Times” e do americano “The Wall Street Journal”, e ainda na capa do site do espanhol “El País”.

“Um dos maiores pesadelos da equipe econômica de Dilma Rousseff e dos empresários brasileiros começou a tomar forma nesta quarta- feira: a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a classificação de crédito do Brasil”, diz o texto do jornal.

O “El País” também disse que o rebaixamento já era previsto pelo mercado, mas ressaltou que a expectativa era que a reação fosse ruim.

Já o francês “Le Monde” indagou, em editorial se “a crise política, econômica e moral que o país atravessa é talvez a fase a ser superada para entrar em uma nova fase do seu desenvolvimento”. Na reportagem “A via- crúcis de Dilma Rousseff ”, publicada na mesma edição, o jornal citou os protestos contra a presidente.

‘ REVÉS PARA O GIGANTE’

Na América do Sul, os argentinos “Clarín” e “La Nación” também destacaram a perda do grau de investimento em seus sites.

“O rebaixamento põe pressão sobre a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, liderada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que deve estabilizar a situação fiscal do país cortando gastos e subindo impostos”, afirmou o “Clarín”.

O “La Nación”, por sua vez, lembrou que a S& P foi a primeira agência de classificação de risco a conceder o grau de investimento ao país, em 2008:

“A decisão da agência é um duro revés para o governo do Brasil, que enfrenta uma crise econômica e política. O gigante sul- americano estava buscando maneiras de se manter entre os países conhecidos como bons pagadores por parte das agências de classificação”.