Título: Rebeldes da Líbia obtêm vaga na ONU
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 21/09/2011, Mundo, p. 16

Pela primeira vez em quatro décadas, o assento da Líbia na Organização das Nações Unidas (ONU) não é ocupado por Muamar Kadafi, mas pelo Conselho Nacional de Transição (CNT). O organismo rebelde foi reconhecido pela ONU e pelo governo brasileiro na última sexta-feira. Durante um encontro na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Barack Obama comemorou o "novo capítulo" da história da Líbia. O presidente também pediu que a transição, que já teria custado a vida de 25 mil pessoas, abra as portas para "eleições livres e justas" e para o fim da era Kadafi. Por meio de uma mensagem de áudio, o ditador reforçou que seu regime ainda resiste à derrocada.

Em seu pronunciamento, Obama admitiu que "o crédito da libertação da Líbia pertence ao povo líbio". No entanto, ele aproveitou para saudar a "coragem" e a "vontade coletiva de agir" das forças internacionais. Segundo ele, "a Líbia representa uma lição sobre o que a comunidade internacional pode conseguir quando atua unida". Obama ressaltou que as forças internacionais não podem e nem devem intervir em todas injustiças do mundo. "Mas dessa vez encontramos o valor e a vontade coletiva para agir", ponderou.

O presidente aproveitou para anunciar que já enviou a Trípoli o embaixador dos EUA, Gene Cratz. "Nesta semana, a bandeira americana vai ser hasteada novamente (na capital líbia)", anunciou. Mesmo otimista, Obama alerta para "dias de frustração" no país, que deve passar por tempos difíceis ao enfrentar os últimos homens de Kadafi. O mandatário reafirmou o compromisso de ajudar a Líbia a se reerguer e antecipou parcerias, a fim de permitir que a nação alcance seu "extraordinário potencial". Ele também garantiu que a Organização do Atlântico Norte (Otan) continuará em território líbio enquanto a população seguir ameaçada. Obama pediu que os apoiadores de Kadafi compreendam que "o antigo regime já acabou e que é tempo de deixar as armas".

Enquanto isso, na Síria, a TV Al-Arrai divulgava a declaração de Kadafi, sem revelar se a gravação é recente. Na mensagem, Kadafi desafiou as forças internacionais, ao afirmar que "as bombas dos aviões da Otan não vão durar". "O sistema da Líbia é baseado no poder do povo e é impossível que esse sistema seja removido", avisou.

Iêmen As ruas das principais cidades iemenitas ¿ como Taez e a capital Sanaa ¿ também foram tomadas por manifestações contra o regime de Ali Abdullah Saleh, no poder há 33 anos. Desde segunda-feira, 60 pessoas foram executadas pelas forças de Saleh, incluindo crianças. Ao contrário da Líbia, a repressão do regime enfraqueceu as manifestações e, agora, a tensão é entre as forças presidenciais e os soldados que desertaram para a oposição. A União Europeia pediu uma solução rápida, "que responda aos desejos do povo iemenita".