O globo, n.30.016, 12/10/2015. País, p.5

Deputado aponta resistência de Cunha à CPI

Onyx Lorenzoni diz que grupo político do presidente da Câmara tenta enterrar comissão e evitar prorrogação

- BRASÍLIA- Após acusações de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), teria recebido recursos de dois contratos firmados pela Petrobras, o seu grupo político trabalha para enterrar de vez a CPI que investiga a estatal. Prorrogada antes em duas oportunidades com apoio de Cunha, dessa vez a comissão enfrenta maior resistência para continuar.

— Identifiquei dificuldade na prorrogação da CPI, algo que não aconteceu nas outras vezes. Tentamos votar nessa semana e não conseguimos. Quem faz a pauta é o Eduardo Cunha, cabe a ele pautar. A CPI ainda tem muito para avançar — afirma o deputado Onyx Lorenzoni ( DEM- RS).

O requerimento pedindo a prorrogação até março do ano que vem foi protocolado por Lorenzoni no dia 1 º de outubro com o apoio de outros 14 integrantes da comissão. Para ser votado com urgência, é preciso o apoio de líderes partidários que representem a maioria da Casa. Caso contrário, a comissão acabará no dia 23.

O presidente da CPI, Hugo Motta ( PMDB- PB), aliado fiel de Cunha, afirmou que não tratou com ele sobre o tema. Disse que, caso não haja prorrogação, o depoimento do atual presidente da Petrobras, Adelmir Bendine, nesta quartafeira deve ser o último, com a próxima semana sendo reservada para votação do relatório. Aliados de Cunha afirmam que “sua tropa está querendo acalmar os ânimos”.

O presidente da Câmara disse ao GLOBO ser “indiferente” quanto a prorrogar os trabalhos. Afirmou que a decisão depende dos líderes e ironizou os que veem ação sua no fim da CPI.

— Tudo que acontece sou eu. É impressionante — disse, por mensagem de texto.

Cunha compareceu na comissão assim que virou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal ( STF). No depoimento afirmou que todos os seus bens estavam declarados no Imposto de Renda. Investigações realizadas na Suíça, porém, identificaram contas secretas em nome de offshores que tinham Cunha e sua mulher como beneficiários.