BC reforça intenção de deixar Selic estável

Alex Ribeiro e Eduardo Campos 

16/09/2015

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reforçou ontem a intenção de deixar os juros em 14,25% ao ano por um bom tempo, ponderando que discussões sobre um eventual novo aperto monetário devem pesar também o maior grau de ociosidade da economia.

Tombini disse quatro vezes em depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado que a estratégia do BC é pela manutenção dos juros num momento em que setores do mercado questionam se seria preciso apertar diante de pressões inflacionárias provocadas pela alta do dólar, deterioração fiscal e rebaixamento soberano pela agência Standard & Poor's.

"A manutenção da taxa de juros básica por um período de tempo prolongado é a estratégia, digamos, hoje, para trazer a inflação para a meta em dezembro de 2016", disse Tombini, respondendo a questionamento do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Nas suas considerações iniciais, Tombini mencionou duas vezes a intenção de deixar os juros onde estão, e apenas uma vez o aviso de que a política monetária deve se manter "vigilante" em caso de desvios significativos da inflação em relação à meta.

Ainda assim, Tombini não fechou de todo a porta para uma eventual alta de juro. Ele lembrou que a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para 21 de outubro e, até lá, haverá tempo para avaliar como fatores recentes vão afetas as projeções de inflação do BC para 2016.

Ele ponderou que, além da alta do prêmio de risco fiscal, há um ambiente de maior ociosidade na economia. "Estamos tendo uma retração na demanda doméstica maior que a expansão da demanda externa", disse. "As forças se contrapõem e influenciam nossas projeções de inflação."

Tombini ponderou que houve uma alta nos juros futuros de dois pontos percentuais desde fins de julho. "Aquele aumento de juros faz o trabalho do BC? É uma questão a ser debatida. Até que ponto aquilo é só expectativa de inflação para cima ou tem um aperto real nas condições monetárias?"

Valor econômico, v. 16 , n. 3842, 16/09/2015. Finanças, p. C1