Turquia: G- 20 tem de fazer mais para cumprir meta de crescimento

 

A meta de elevar o crescimento global em 2% até 2018, estabelecida há um ano pelo G- 20, que reúne as 20 maiores economias do mundo, ainda está distante. O vice- primeiro- ministro da Turquia, Cevdet Yilmaz, afirmou ontem que é necessário fazer mais para alcançar essa meta. Ele disse ainda que os países que integram o bloco fizeram apenas um terço das reformas estruturais prometidas em 2014. A Turquia detém a presidência do G- 20 este ano, e sediou no fim de semana, na capital Ancara, o encontro dos ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do bloco.

Yilmaz, que acumula a responsabilidade pela economia da Turquia, também declarou que a elevação da taxa de juros pelo Federal Reserve ( Fed, o banco central dos Estados Unidos) no futuro próximo não teria um impacto fundamental nos mercados emergentes, descrevendo o movimento como uma “normalização”. No entanto, ele disse que há preparações em andamento para um cenário diferente com relação à política do BC americano.

EMERGENTES À ESPERA DO FED

O vice- premier disse ao diário de negócios americano “The Wall Street Journal” que os países emergentes precisam adotar medidas para atrair capital estrangeiro e evitar choques econômicos com a ação do Fed. Analistas acreditam que o BC americano pode elevar os juros, mantidos no intervalo entre zero e 0,25% desde 2006, já em sua próxima reunião, nos dias 16 e 17 deste mês.

Com a taxa básica de juros maior, os títulos do Tesouro americano, considerados os mais seguros do mundo, terão uma rentabilidade melhor, atraindo mais investidores — que, em consequência, deixarão os mercados emergentes, de maior risco. A especulação sobre a decisão do Fed já vem afetando emergentes como Brasil, Índia, Indonésia, África do Sul e Turquia, que têm sofrido com saída de capitais.

— O mundo emergente está consciente desse processo. Muitos países, inclusive a Turquia, estão tomando medidas para aumentar a atratividade dos seus mercados para o capital global — afirmou Yilmaz.

Já o ministro de Finanças da Austrália, Joe Hockey, afirmou que o Fed precisa pôr um fim à incerteza dos mercados globais sobre a alta de juros nos EUA. Para Hockey, é melhor agir logo.

— Acho que o perigo agora para o Fed é que, se eles não tomarem a decisão de elevar a taxa de juros, será mais prejudicial e provocará mais volatilidade nos mercados de capitais do que se eles não agirem — disse Hockey em Ancara, ao fim do encontro do G- 20. — Acho que está na hora de o Fed agir com relação ao juros, para eliminar as incertezas.

A diretora- gerente do Fundo Monetário Internacional ( FMI), Christine Lagarde, no entanto, fez um apelo no sábado para que o Fed refletisse bem sobre a alta dos juros, porque ter de voltar atrás depois seria pior.

 

Mulheres com mais voz no grupo

 

As mulheres terão mais voz no grupo das nações mais ricas do mundo. O G- 20 lançou ontem em Ancara, capital turca, o Women 20 ( W- 20), que reúne lideranças femininas dos 20 países do bloco. O objetivo é promover a igualdade de gênero, considerada fundamental para estimular o crescimento global.

BURHAN OZBILICI/ APPioneira. Lagarde, 1 ª mulher a chefiar o FMI, calcula impulso no PIB global com mais participação feminina

A criação do grupo ocorre pouco menos de um ano após um acordo do G- 20 estabelecer a meta de aumentar em 25% a participação da mulher na força de trabalho até 2025. Lançado na reunião de novembro de 2014, na Austrália, o projeto ficou conhecido como “promessa de 2025” e prevê a adição de 100 milhões de empregos à economia global a partir da inclusão feminina no mercado.

A iniciativa foi lembrada pela diretora- gerente do Fundo Monetário Internacional ( FMI), Christine Lagarde, na cerimônia de lançamento do W- 20. Primeira mulher a chefiar o organismo internacional, Lagarde defendeu que apoiar a igualdade de gênero é uma questão não só moral, mas também econômica. Segundo estudo do FMI, se homens e mulheres entrassem no mercado no mesmo ritmo, o PIB dos EUA cresceria 5%, o do Japão, 9%,e o da Índia, 27%.

— Essas estimativas, embora sejam, claro, apenas um exercício, são significativas e grandes o suficiente para serem levadas a sério. Isso se aplica particularmente a países onde o potencial de crescimento está caindo, enquanto a população está envelhecendo — afirmou Lagarde.

O primeiro encontro do grupo está marcado para 7 de outubro, em Istambul, também na Turquia. O primeiroministro turco, Ahmet Davutoglu, disse que a criação do W- 20 entrará para a História:

— Não só para a história do G- 20, mas para a da Humanidade. Sem a participação de mulheres, não pode haver futuro na economia global.

 

Planejamento nega decisão sobre Tombini

 

O Ministério do Planejamento informou ontem, em nota, que só enviará no fim do mês à presidente Dilma Rousseff sua proposta para redução do número de ministério. Como o plano ainda não foi finalizado, ressaltou a pasta, ainda não é possível afirmar se o presidente do Banco Central perderá ou não seu status de ministro.

O GLOBO informou ontem que fontes do governo haviam dito à agência Reuters que a presidente Dilma desistira de retirar o status de ministro do presidente do BC. A decisão teria sido tomada como uma forma de garantir o prestígio do chefe da autarquia, Alexandre Tombini, no momento de crise. O jornal “Folha de S. Paulo” havia publicado, na semana passada, que Tombini ameaçava deixar o governo caso perdesse o status de ministro — e o foro privilegiado de que o cargo desfruta.

Segundo o ministério, as informações das fontes “não têm qualquer legitimidade e devem ser desconsideradas.”