Título: 3.579% de ágio em leilão
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Fonte: Correio Braziliense, 31/08/2011, Economia, p. 12
Com objetivo de reforçar a infraestrutura de comunicações do país nos próximos cinco anos, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) leiloou ontem espaços orbitais para a exploração de quatro satélites. De olho no crescimento da demanda e de eventos como Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016), entre outros projetos, a HNS Americas, do grupo norte-americano Hughes, e a Star One, do grupo Embratel, venceram as disputas com lances que somam R$ 254,4 milhões.
Dentro do limite estabelecido pelo edital, cada uma das vencedoras ficou com dois dos quatro direitos licitados. Eutelsat do Brasil, Hispamar Satélites, Intelsat, SES DTH e Sky do Brasil foram as outras cinco empresas que se qualificaram para participar do leilão.
A HNS Americas, que atua no fornecimento de serviços e equipamentos de telecomunicações via satélite, saiu na frente e arrematou por R$ 145,2 milhões o primeiro dos quatro espaços. O lance vencedor apresentou o surpreendente ágio de 3.579,82% sobre o preço mínimo de R$ 3,9 milhões, batendo a Sky, que ofereceu R$ 121,7 milhões e abandonou as disputas seguintes. Nas rodadas seguintes, a Star One levou a segunda e a terceira posições orbitais, com lances iguais de R$ 37 milhões cada, ágio de 837,7% sobre o valor mínimo, vencendo a HNS. Com isso, a empresa ficou de fora da disputa final.
Na última rodada, sem a principal concorrente, a HNS Americas repetiu a oferta feita anteriormente e levou o quarto direito por R$ 35,2 milhões (ágio de 792,58%). No último leilão, realizado em 2007, cada posição orbital foi vendida por R$ 4,5 milhões.
Longo alcance Os espaços leiloados poderão ser exploradas por 15 anos, prorrogáveis por mais um período, e as empresas licitadas poderão usar os satélites para oferecer serviços de telefonia, televisão, radiodifusão e transmissão de dados, inclusive na área rural. Os quatro novos satélites deverão, por contrato, cobrir 100% do território nacional e dedicar parte da capacidade para atender o mercado brasileiro. A Anatel ressalta que os aparelhos orbitais poderão entrar em operação ocupando posições previamente acertadas, em coordenação ou notificação em nome do Brasil perante a União Internacional de Telecomunicações (UIT).
Cobertura No total, existem 12 posições orbitais reservadas ao Brasil. Delas, cada um dos vencedores do leilão realizado ontem escolherão duas. Parte desses espaços são sobras de ofertas passadas, enquanto outras foram definidas pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), responsável pela regulação do setor. Nas posições já exploradas, as operadoras que vencem a disputa são obrigadas a destinar 25% da capacidade operacional dos satélites para o Brasil. Mas, nos novos equipamentos oferecidos pelo órgão regulador estrangeiro, metade dos comunicadores devem estar apontados para o Brasil.