Exportações do campo caíram 12% até setembro

Cristiano Zaia 

14/10/2015

Em queda desde janeiro nas comparações com os mesmos meses de 2014, a receita das exportações brasileiras do agronegócio não fugiu à regra em setembro, ainda pressionadas pela tendência de queda das cotações de grande parte das commodities agrícolas no mercado internacional. Mas o tamanho do tombo foi um pouco menor.

De acordo com estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) compiladas pelo Ministério da Agricultura, os embarques do setor somaram US$ 7,24 bilhões, 12,7% menos que em setembro do ano passado. As importações registraram retração de 33,1%, para US$ 954 milhões, e como resultado o superávit mensal do campo diminuiu 8%, para US$ 6,28 bilhões.

Segundo informou, em comunicado, a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, apesar da queda observada a participação dos produtos no setor na receita total das exportações brasileiras aumentou de 42,3%, em setembro de 2014, para 44,8% no mesmo mês deste ano".

No caso do chamado "complexo soja" (inclui grão, farelo e óleo), que lidera o ranking das exportações de produtos do agronegócio brasileiro, as vendas externas registraram em setembro deste ano uma redução de 1,2% sobre o mesmo mês de 2014, para US$ 1,97 bilhão.

E, depois de meses consecutivos em queda na comparação com iguais períodos do ano passado, o item mais vendido desse grupo, a soja em grão, registrou um crescimento de 6,2%, para US$ 1,4 bilhão. Essa alta foi mais uma vez sustentada pela aquecida demanda da China, maior país importador da matéria-prima do mundo (ver matéria abaixo). A receita das exportações de óleo de soja também aumentaram em relação a setembro do ano passado - 87%, para US$ 11 milhões, segundo o ministério.

Em volume, as vendas externas de soja em grão aumentaram 38,8% em setembro frente o mesmo mês do ano passado, enquanto as de óleo de soja cresceram 137,6% - já os embarques de farelo de soja recuaram 10,2%.

A receita das exportações de carnes (inclui bovina, de frango e suína), por sua vez, caiu 15,7% em setembro, para US$ 1,27 bilhão, ao passo que a dos embarques de açúcar e etanol diminuiu 36,8%, para US$ 614,5 milhões, e as das vendas externas de café caiu 17,5%, para US$ 507 milhões. Dos grupos que lideram as exportações do agronegócio, apenas os produtos florestais tiveram resultado mensal positivo. Seus embarques renderam 4,8% mais e alcançaram US$ 878 milhões.

Principal mercado para as exportações brasileiras do agronegócio brasileiro, por causa da soja, a China importou do setor US$ 1,9 bilhão em setembro, alta de 20,7% frente ao mesmo mês de 2014, e reverteu a tendência de baixa observada nos últimos meses. Com isso, sua participação na balança comercial brasileira subiu de 18,9%, em setembro de 2014, para 26,1% no mês passado.

Com os resultados de setembro, as vendas externas do agronegócio nacional caíram 11,8% nos primeiros nove meses do ano em relação a igual intervalo de 2014, para US$ 67 bilhões. As importações custaram US$ 10,1 bilhões, em queda de 20,1%, e o saldo positivo da balança do setor caiu 10,1%, para US$ 56,8 bilhões

Sempre na comparação entre os nove primeiros meses deste ano e de 2014, as exportações brasileiras de soja e derivados (farelo e óleo) recuaram 16,3%, para US$ 24,4 bilhões, as de carnes caíram 14,5%, para US$ 10,9 bilhões e as de açúcar e etanol diminuíram 21,1%, para US$ 5,9 bilhões.

Valor econômico, v. 16 , n. 3861, 14/10/2015. Agronegócios, p. B11