Título: Repressão e rumores sobre Fidel
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Fonte: Correio Braziliense, 31/08/2011, Mundo, p. 17

Ao trazer à tona, mais uma vez, os problemas sociais e políticos que cercam Cuba, opositores ao presidente Raúl Castro denunciaram ontem uma série de repressões na ilha. As novas acusações vieram à tona no mesmo dia em que boatos indicavam, outra vez, a morte do comandante Fidel Castro. De acordo com o documento divulgado pela Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), ao menos 65 pessoas desarmadas ¿ entre homens e mulheres ¿ foram detidas pela polícia política secreta e submetidas a "ações de brutalidade" nas últimas cinco semanas.

As Damas de Brancos, grupo formado por mulheres e familiares de presos políticos, também teriam sido violentamente abordadas, agredidas e presas. Além das acusações no texto, o grupo de oposição pediu solidariedade internacional e apontou Raúl Castro como o principal responsável pela repressão no país.

Um outro texto, também com críticas a Cuba, foi publicado ontem, só que com origem próxima ao regime. Em carta aberta divulgada por um programa de rádio em Miami, o cantor Pablo Milanés, revolucionário convicto, reconheceu os problemas de seu país. Na mensagem, ele citou seus 53 anos de militância e ressaltou o privilégio que tem de poder se expressar livremente no país. O cantor, no entanto, se posicionou contra a repressão violenta.

Enquanto as denúncias se juntavam à lista de outras, já características do regime cubano, outra notícia tomava proporções crescentes. Boatos sugeriam que o ex-presidente Fidel Castro teria morrido, após agravamento da doença intestinal diagnosticada em 2006. O blogueiro e colunista venezuelano Nelson Bocaranda, do jornal El Universal, afirmou que Fidel estaria internado em uma unidade de terapia intensiva montada em seu quarto. Segundo ele, o comandante estaria com um grave processo infeccioso, e a piora em sua condição de saúde teria levado o presidente Hugo Chávez a cancelar o tratamento quimioterápico faria em Havana.

Nelson sustenta que Fidel permaneceu em coma durante vários horas, no último domingo. No Twitter, a também blogueira e dissidente Yoani Sanchéz não confirmou os rumores sobre a morte. No entanto, lembrou as barreiras de comunicação impostas pelo próprio regime. "Não sei (se é verdade), mas, se for, os cubanos serão os últimos a saber", pontuou. Por telefone, Reynaldo Escobar, marido de Yoani, desconversou. "É a 50ª vez que surgem boatos sobre a morte de Fidel", disse ao Correio.