RENATO ONOFRE E THAIS SKODOWSKI
O globo, n. 29975, 01//09/2015. País, p. 8
Em depoimentos à CPI da Petrobras e à Polícia Federal, o ex- ministro José Dirceu, já condenado no mensalão e preso na Lava- Jato, ouviu muitas perguntas mas nada respondeu, alegando cumprir orientação do advogado. Quatro delatores confirmaram participação da Odebrecht no escândalo. - CURITIBA E BRASÍLIA- O ex- ministro José Dirceu ficou calado, ontem, durante a sessão da CPI da Petrobras para a qual foi convocado, em Curitiba. Seu encontro com deputados durou menos de 15 minutos e frustrou integrantes da comissão.
O Ministério Público Federal ( MPF) decide esta semana se irá denunciar o ex- ministro, que é acusado de ter recebido propina por meio de falsas consultorias prestadas a empreiteiras investigadas pela Operação Lava- Jato. Ele nega as acusações.
Preso em Curitiba desde o dia 3 de agosto, Dirceu estava visivelmente abatido e mais magro. O advogado do ex- ministro, Roberto Podval, pediu à Justiça que seu cliente seja transferido da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.
À tarde, ao ser levado para prestar depoimento à Polícia Federal, Dirceu também se manteve em silêncio. Podval alegou que orientou o ex- ministro a ficar calado porque ainda não teve acesso ao inquérito criminal aberto contra seu cliente.
A comitiva de deputados da CPI da Petrobras deve ficar em Curitiba até quintafeira para, além de ouvir presos investigados pela Operação Lava- Jato, fazer acareações entre eles. É a segunda vez que parlamentares vão à capital do Paraná para se reunir com os suspeitos.
Todos os presos que participaram de encontros com integrantes da CPI ficaram calados. Além de Dirceu, os deputados estiveram com Jorge Luiz Zelada, ex- diretor da Área Internacional da Petrobras; Otávio Marques de Azevedo e Elton Negrão de Azevedo, executivos da Andrade Gutierrez; e João Antônio Bernardi, funcionário da empresa Saipem.
CORRÊA PODE FAZER DELAÇÃO
Os advogados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), entraram com pedido no Supremo Tribunal Federal ( STF) para ter prazo em dobro para apresentar a defesa à denúncia do procurador- geral da República, Rodrigo Janot. O deputado foi notificado oficialmente no dia 25 de agosto e, por lei, recebeu um prazo de 15 dias para se defender. O período se encerra no próximo dia 9. No entanto, em petição ajuizada no tribunal, os advogados informaram que ainda não tiveram acesso ao processo inteiro, portanto, não haveria tempo hábil para concluir a argumentação.
O ex- presidente do PP Pedro Corrêa trocou de advogado e deve ser o primeiro político a fazer um acordo de colaboração premiada na Operação LavaJato, conforme antecipou O GLOBO. A defesa de Corrêa passará a ser feita por Adriano Bretas, um dos advogados do doleiro Alberto Youssef, que está preso.