O Estado de São Paulo, n. 44541, 29/09/2015. Política, p. A5

‘Dilma se entrega aos aliados em troca de 20, 30 votos’, diz Aécio

Luciana Nunes Leal

 

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse ontem que o governo federal é “cada vez mais refém da semana seguinte” e criticou as negociações da presidente Dilma Rous-seff (PT) na reforma administrativa. Dilma ofereceu dois ministérios ao PMDB da Câmara, o da Saúde e outro decorrente da fusão das pastas da Aviação Civil e Portos. Segundo Aécio, Dilma “se entrega aos aliados” em troca de “20 ou 30 votos”.
“A presidente Dilma Rousseff tem como projeto de governo apenas se manter no cargo por mais uma semana. Entregam-se ministérios, cargos públicos (...) Lamentavelmente o único projeto visível para presidente da República, e para isso, como ela mesma disse, faz-se o diabo, é manter-se no poder, mesmo que tenha que entregar a saúde dos brasileiros, a condução da in-fraestrutura, para aliados, independente da sua qualificação”, disse Aécio durante encontro do PSDB-RJ para discutir as eleições municipais do ano que vem.
Para o senador, derrotado por Dilma na eleição presidencial do ano passado, a “entrega do Ministério da Saúde, em contrapartida de 20 ou 30 votos na Câmara dos Deputados, é a demonstração de que a presidente da República não se coloca em condições de governar de forma adequada o País”.
Aécio voltou a dizer que o impeachment “é uma previsão constitucional, se adquiridos componentes políticos e jurídicos”. “A saída para a crise se dará dentro do que prevê a Constituição. Não cabe ao PSDB escolher a saída, se é via impeachment, se é via cassação peloTribunal Superior Eleitoral, em razão das denúncias cada vez mais fortes de dinheiro de corrupção da Petrobrás alimentando o caixa de campanha da presidente da República, ou o seu afastamento por livre e espontânea vontade, ou até mesmo sua eventual continuidade no cargo.”
Inserções. O PT vai exibir hoje, em rede de TV, duas inserções publicitárias. Em uma delas, sem usar a palavra impeachment, o partido questiona os interesses dospolíticos de oposição que tentam “desestabilizar o governo”. “Os políticos que querem desestabilizar ogovemo estão pensando no bem do País ou em si mesmos? Estão interessados em beneficiar a população ou só querem tirar proveito da crise?”, questiona a propaganda.
A peça se baseia em pesquisas internas que apontam dúvidas em setores da população quanto aos motivos e desdobramentos decorrentesdeum eventual deim-pedimento. “Afinal, quem garante um caminho mais seguro? Um governo eleito democraticamente ou aqueles que querem chegar ao poder custe o que custar?” /COLABOROU RICARDO GALHARDO