Título: Campanha com inserções pagas
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 17/09/2011, Brasil, p. 12

A fim de turbinar a campanha do desarmamento, veiculada na mídia de graça desde o lançamento, em maio passado, o Ministério da Justiça (MJ) decidiu pagar pelos espaços em jornais, revistas, rádios e televisão para a exibição de novas peças publicitárias. "Reservaremos uma parte do orçamento para fazer essa mídia paga", disse o secretário executivo, Luiz Paulo Barreto, sem detalhar valores. A decisão parece uma resposta ao pouco impacto do vídeo anterior, exibido sem ônus para o governo, com a narração do ator Wagner Moura. Foram cerca de 5 mil inserções em canais de TV, das quais apenas 144 em rede nacional.

Cinco novas peças publicitárias vão trazer depoimentos baseados em histórias reais de pessoas que perderam parentes baleados em situações cotidianas, como brigas de bar, desavença entre vizinhos, discussão no trânsito ou acidente com crianças.

Na nova estratégia de marketing, estão incluídos ainda a missão de fechar acordo de parceria com seis estados que ainda não aderiram à iniciativa e o credenciamento de entidades sociais como postos de coleta.

Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fechou o acordo de cooperação com o Ceará para capacitar policiais estaduais e ofertar o material impresso de campanha. "A ideia, na atual fase, é mostrar ao cidadão de bem que a arma não é uma forma de defesa, podendo aumentar as chances de ele próprio ou alguém do seu convívio ser assassinado", destacou Cardozo. Prometido desde maio, o credenciamento de organizações não governamentais, como igrejas e escolas, só ocorreu com uma única entidade no Rio e outra em São Paulo ¿ ambas parceiras institucionais na campanha, que já arrecadou 2,2 mil armas, sendo 56 fuzis. São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais lideram a entrega das peças. No Distrito Federal, foram devolvidas pela população 300 armas, incluindo uma escopeta.

Especialista em segurança pública, o professor George Felipe Dantas considera positivo o balanço, mesmo diante da disparidade entre as quase 500 mil armas recolhidas na primeira campanha, em 2004, e o número atual. "Todas as hipóteses para explicar os dados são especulativas. O importante é termos 22 mil armas a menos em circulação", diz. (RM)