Título: Abeiva vai à Justiça
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 17/09/2011, Economia, p. 14
Os representantes da indústria brasileira comemoraram a decisão do governo. Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), classificou o aumento do IPI para veículos importados como "bem-vindo". "É preciso aproveitar a sensibilidade do governo com as circunstâncias para avançar em outras medidas, como a desoneração da folha de pagamentos e o combate à guerra fiscal dos portos, que também rouba empregos dos trabalhadores brasileiros", declarou. Já Cledorvino Belini, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), afirmou que a decisão veio para fortalecer a indústria nacional.
Júlio Gomes de Almeida, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), argumentou que a elevação do IPI para importados virá para reequilibrar o comércio de veículos no país. "É sabido que muitas empresas adotam uma redução artificial nos preços para conquistar espaço em um mercado onde acabaram de entrar", disse. Na avaliação de Almeida, o Brasil não está ferindo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). "É uma medida transitória, com prazo definido até dezembro de 2012. Não há razão para retaliações", acrescentou.
A Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), por sua vez, informou que recorrerá à Justiça para derrubar a elevação do IPI, pois a medida não está de acordo com a Constituição brasileira e não observa as leis internacionais do livre comércio. A Abeiva argumentou que os efeitos das medidas serão insignificantes no que se refere à manutenção dos empregos na indústria local. "Se considerarmos somente os produtos de até R$ 60 mil , a participação dos importados da Abeiva cai para 3,3% no mercado brasileiro", disse a associação. (GHB)