Título: Dilma pede investimentos
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Fonte: Correio Braziliense, 17/09/2011, Economia, p. 18

Para a presidente, o Brasil não pode se curvar às turbulências externas. Manter as obras é a melhor forma de garantir crescimento

Belo Horizonte ¿ Empenhada em garantir crescimento econômico de, no mínimo, 4% neste ano, e disposta a espantar o pessimismo provocado pela crise mundial, a presidente Dilma Rousseff garantiu ontem que o governo dará a sua contribuição ao manter intocados todos os investimentos em infraestrutura, a maior parte deles incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Investir em infraestrutura é uma maneira de dizer não à crise internacional que afeta os países da Zona do Euro e os Estados Unidos", disse, ao anunciar a liberação de R$ 2 bilhões para a ampliação do metrô da capital mineira.

Na avaliação da presidente, não há porque o Brasil se curvar às dificuldades que solapam as nações desenvolvidas, que estão pagando um preço alto por terem socorrido bancos que, ao longo de muitos anos, se meteram em operações altamente especulativas. Para Dilma, a economia brasileira já sofreu demais no passado, quando, ao menor sinal de crise no exterior, era obrigada a botar o pé no freio e o resultado era um crescimento pífio, que prejudicava, sobretudo, os mais pobres.

"Portanto, temos de manter os investimentos em infraestrutura. É uma maneira de dizer não à todas aquelas tentativas passadas de, sempre que havia crise, nos levar à redução do ritmo de crescimento. É uma maneira de dizer um sonoro sim ao crescimento", assinalou a presidente. Para ver a meta de expansão de 4% do PIB concretizada, ela está contando com a ajuda do Banco Central, que, no fim de agosto, cortou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, de 12,50% para 12% ao ano.

A perspectiva de Dilma é de que a Selic comece o próximo ano abaixo de 10%. Dessa forma, o setor produtivo manterá o ânimo para tocar os projetos de expansão, segurando os empregos, e os consumidores poderão comprar a prazo a um custo menor. No meio do caminho, porém, há a inflação, que não está dando trégua aos consumidores, por causa da disparada dos preços alimentos.

IPC-S DESACELERA PARA 0,69% Os alimentos deram uma pequena trégua na última semana e foram responsáveis pela desaceleração da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor ¿ Semanal (IPC-S), de 0,74% para 0,69%. Segundo o último levantamento da Fundação Getulio Vargas, o indicador do grupo alimentação passou de 1,76% para 1,39%, resultado da alta mais moderada no custo das frutas. Entre as maiores altas individuais estiveram o limão, o leite longa vida, o mamão papaia e o pimentão. O aluguel residencial também estava entre os valores que puxaram a carestia, elevando as pressões sobre o grupo transportes, que passou de 0,39% para 0,43%.