Ativistas pró e contra governo se enfrentam no Congresso

 

EVANDRO ÉBOLI

O globo, n. 30033, 29//10/2015. País, p. 7

 

Ativistas pró-impeachment e semteto trocaram agressões em frente ao Congresso. Na Câmara, um grupo se algemou exigindo abertura de ação contra Dilma. Aquarta-feira no Congresso teve de algemados no interior da Câmara a confronto com socos e pontapés entre sem-teto e manifestantes pró-impeachment do lado de fora do Parlamento. Houve até acusações de militantes espetando seus opositores com um palito de dente.

ANDRÉ COELHOViolência. Integrantes do Movimento Vem Pra Rua e do MTST entram em confronto no gramado do Congresso

No Salão Verde da Câmara, um grupo de oito integrantes de movimentos que pregam o afastamento da presidente Dilma Rousseff se algemou numa das pilastras. Sentados no chão, eles se algemaram uns aos outros. O grupo diz que só deixará o local quando o presidente Eduardo Cunha aceitar a abertura do processo contra Dilma. BRIGA NO GRAMADO Os manifestantes integram a Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, que reúne 42 grupos que defendem o afastamento de Dilma. Eles protocolaram uma carta na Vice-Presidência da República e na liderança do PMDB cobrando uma postura do partido sobre o impeachment. “Estamos atentos à conduta de Vossas Excelências. Não sejam omissos, honrem os seus mandatos e o passado do PMDB, sob pena de serem punidos com a execração pública”, diz a nota.

Do lado de fora, no gramado do Congresso, cerca de 120 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) decidiram acampar ao lado dos manifestantes do Movimento Brasil Livre (MBL), que já estavam acampados naquele lugar desde quinta-feira da semana passada. Os dois grupos passaram a trocar ofensas. O confronto, inicialmente apenas de gritos e palavras de ordem, virou bate-boca e agressão física. Os sem-teto soltaram rojões e levaram faixas contra a votação da Lei Antiterrorismo, que foi aprovada ontem pelo Senado e agora retorna à Câmara. O coordenador do MTST, Eduardo Borges, afirmou que, se o MBL pode ficar ali, eles ficarão também. E disse que o grupo é contra o impeachment de Dilma, justo a bandeira do MBL.

— Viemos aqui ficar na nossa. Não queremos briga, mas não vamos aceitar provocação — disse Borges.

Uma militante política de esquerda, sem ligações com o MTST, atuou ao lado dos semteto e foi acusada pelo pessoal MBL de agredir as pessoas com um palito de dentes. Num vídeo do movimento, um rapaz aparece com pequenas manchas de sangue e acusa a militante de feri-lo. A mulher, que estava com um palito na mão, negou o fato e foi afastada do grupo pelo deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).

O confronto entre manifestantes foi parar no plenário da Câmara. Vários deputados de oposição acusaram os semteto de terem sido insuflados pelo líder do PT, Sibá Machado. Anteontem, quando foi esticada uma faixa “Fora Dilma” nas galerias, o petista disse que haveria troco.

Cunha afirmou que as confusões que ocorrem do lado de fora da Câmara não são responsabilidade da segurança da Casa. Mas foi ele quem autorizou o grupo do MBL a acampar no gramado, o que é proibido por um ato do Congresso de 2001.

Um grupo de deputados da oposição apareceu no lado de fora da Câmara e tentou intermediar uma trégua. Foi traçada uma faixa limite, que os dois lados deveriam respeitar.

Até ontem à noite, os algemados permaneciam no Salão Verde. Eles integram diversos grupos anti-Dilma, que têm nomes variados, como “Eu quero Lula na cadeia”, “Céu Azul”, “Eu amo o Brasil” e “Brava gente brasileira”.