BNDES vai pagar R$ 4 bi em dividendos ainda este ano, diz Saintive

Lucas Marchesini e Fábio Pupo 

27/11/2015

O secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, afirmou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai pagar R$ 4 bilhões à União ainda neste ano. Dessa forma, o Tesouro - mesmo sem contar com recursos de Petrobras, Correios e Eletrobras - alcançaria receita em dividendos em linha com o planejado. O "Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas" do 5º bimestre, divulgado semana passada pelo Ministério do Planejamento, prevê receita de R$ 11,348 bilhões com dividendos de estatais. Até outubro, R$ 6,202 bilhões tinham entrado nos cofres do governo.

O BNDES ainda não pagou dividendos em 2015 e, até agora, seu comportamento até o fim do ano era uma incógnita para os especialistas em contas públicas. "Com relação a dividendos, as estatais não tiveram resultado para apresentar, exceto o BNDES que entendo que ainda fará pagamento", disse ele ao ser questionado sobre o assunto.

Dessa maneira, restariam ainda R$ 5,146 bilhões por receber, dos quais a maior parte deve vir do BNDES, como indicou Saintive. As outras estatais pagariam R$ 1,1 bilhão no último bimestre do ano. A política de pagamento de dividendos do BNDES, segundo Saintive, mudou em 2015. "É diferente do ano passado que [o banco] fez distribuição em período anterior [ao fim do ano]".

Saintive também respondeu a questionamentos sobre o leilão das hidrelétricas, ocorrido na quarta-feira. Ele disse que "prefere" que a receita gerada com a disputa entre nos cofres da União ainda em 2015. Isso vai na contramão do governo, que já informou esperar os recursos apenas em 2016. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, confirmou no fim da tarde de ontem que os recursos só entrarão no ano que vem. Ao ser questionado sobre isso, Saintive surpreendeu ao afirmar que o assunto ainda está em "discussão".

A previsão original do Tesouro era que R$ 11 bilhões (dos R$ 17 bilhões que seriam arrecadados na disputa pelas hidrelétricas) fossem pagos pelas empresas vencedoras neste ano. Mas parlamentares que se reuniram ontem com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disseram que o titular da pasta indicou que a receita entraria somente em 2016.

"A gente já tinha, no relatório bimestral, previsto que era possível uma frustração de receitas extraordinárias. É uma discussão [a entrada dos recursos das hidrelétricas em 2015 ou 2016] que está sendo travada. Ainda que a meta definida no mês de outubro seja deficitária, entendo que temos que cumprir essa meta", afirmou. Com rombo recorde de R$ 33 bi, governo defende mais mudanças na Previdência.

Valor econômico, v. 16 , n. 3892, 27/11/2015. Brasil, p. A3