Título: Investimento despenca
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 27/08/2011, Economia, p. 12
O acúmulo de 80% da meta de economia de R$ 81,8 bilhões para o pagamento de juros (superavit primário) nos primeiros sete meses só foi possível com a retenção de repasses para os investimentos públicos. Os dados do Tesouro Nacional demonstram que o dispêndio com essa rubrica vem despencando ao longo do ano.
Em janeiro, os investimentos foram 85,3% superiores ao mesmo período do ano passado. No bimestre, subiram apenas 25,2% e foram desacelerando, na comparação anual. No acumulado de janeiro a julho, as aplicações em obras de infraestrutura ficaram 2,4% menores, chegando a R$ 24,5 bilhões, ante R$ 25,1 bilhões revertidos para esse fim no mesmo período de 2010.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, explicou que a queda ocorreu por conta da forte base de comparação de 2010 e garantiu que, a partir do "segundo semestre", haverá uma recuperação dos investimentos. Mas a falta de verba para setores estratégicos, como portos, aeroportos, estradas, entre outros, tem trazido desconforto à maioria dos analistas do mercado financeiro.
Para o economista Sidnei Nehme, diretor da Corretora NGO, o governo poderia ter feito ajuste fiscal mais rigoroso, porque, embora as receitas tenham crescido mais (20,9%) que as despesas (11,1%), os investimentos não foram priorizados e caíram para o patamar de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país). "O extraordinário superavit primário indica que fomos eficientes? Nem tanto. O resultado só foi bom por conta do aumento da arrecadação. Não estamos aproveitando para melhorar o entesouramento dos recursos. O governo poderia poupar mais", afirmou. (VB)