Título: US$ 7,1 mil por pessoa
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 27/08/2011, Economia, p. 12
O esforço do governo em poupar tem sido insuficiente para reduzir o endividamento público. Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, a economia feita no mês de julho, de R$ 13,7 bilhões, apesar de ser o maior superavit primário para o mês da série histórica, não impediu que a dívida bruta saltasse de R$ 2,18 trilhões em junho para R$ 2,204 trilhões em julho. Esse saldo positivo traduz a diferença entre receitas e despesas, não incorporando o pagamento de juros. Como, em tese, o débito de um país é de todos os seus cidadãos, cada brasileiro, mesmo aquele que paga todos os compromissos em dia, já nasce devendo US$ 7,1 mil.
A situação do Brasil, no entanto, é melhor que a de muitos países desenvolvidos. No Brasil, a dívida representa 53,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Em nações como Japão, Grécia e Itália, ela supera o PIB. Em cada um desses locais, a parcela que cabe a cada cidadão é bem maior. No Japão, levando em conta os débitos do país, cada japonês deve US$ 94,3 mil. Na Grécia, que enfrenta sérios problemas fiscais, cada habitante arcaria com US$ 38,8 mil. Em Portugal, cada cidadão é responsável por US$ 18 mil.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, explicou que vários fatores contribuem para o crescimento da dívida, entre eles a elevação da inflação e dos juros básicos da economia (Selic). Uma parcela considerável dos papéis que compõem o estoque da dívida é corrigida por essa taxa.
Deficit O montante de juros acumulados em 12 meses, de R$ 224,7 bilhões, é o mais elevado da série histórica, que começou em 2001. Só neste ano, o acumulado de janeiro a julho já alcança R$ 138,5 bilhões, 27% a mais do que o verificado em igual período de 2010. Com tanto encargo para pagar, o deficit nominal (resultado final das contas públicas) foi de R$ 5 bilhões, o menor para o mês desde 2004. No ano que mais sofreu o reflexo da crise (2009), o buraco em julho tinha sido de R$ 12,9 bilhões.
Maciel explicou que o deficit vem caindo porque o país está voltando à situação de "regularidade" do seu quadro fiscal após dois anos de crise. De janeiro a julho deste ano, por exemplo, as receitas do governo cresceram 22% em termos reais. Só o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) subiu 17% acima da inflação no período. " No ano passado, ainda vivíamos o período de desonerações, com impacto sobre as receitas", lembrou.