Manifestantes queimam boneco de Cunha em frente ao Congresso

 

ANDRÉ COELHO

O globo, n. 30044, 09//11/2015. País, p. 4

 

Militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto queimaram um boneco do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na tarde de ontem, em frente ao Congresso Nacional. Com o apoio de militantes de outros movimentos sociais, os sem-teto promoveram um julgamento simbólico de Cunha por corrupção, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Ao final, o presidente da Câmara foi “condenado”, e seu boneco, queimado.

ANDRE COELHOContra Cunha. Trabalhadores sem-teto protestam no gramado do Congresso

O protesto em Brasília fez parte do dia de mobilização “Fora Cunha, não ao ajuste”, promovido pela Frente Povo Sem Medo em diversas cidades do país. Os manifestantes pediram a saída de Cunha da presidência da Câmara e protestaram contra o ajuste fiscal do governo federal.

Houve mobilizações no Rio, onde um grupo protestou em frente à casa de Cunha, na Barra da Tijuca, e também em Fortaleza, Goiânia, Recife, Curitiba, Belo Horizonte, Palmas e Uberlândia (MG). Em São Paulo, cerca de 500 pessoas participaram do protesto, na Avenida Paulista.

O boneco de palha de Cunha, queimado em Brasília, tinha notas falsas de dólares e reais nos bolsos da calça e do paletó. Pelo menos 200 sem-teto participaram do protesto. Militantes a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, que estão acampados no gramado do Congresso Nacional, acompanharam o julgamento de Cunha a distância. O grupo vê o presidente da Câmara como um aliado.

Os sem-teto fizeram o julgamento com base na denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Cunha. Ele é acusado de corrupção passiva, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro desviado de contratos entre empresas privadas e a Petrobras, casos investigados na Operação Lava-Jato. Parte das acusações está ancorada em investigação do Ministério Público da Suíça, que aponta Cunha e sua mulher, Cláudia Cruz, como donos de contas secretas.

— Ele foi julgado de acordo com o que ele falou ontem (anteontem), inclusive numa entrevista na TV. Ele falou que as contas na Suíça não são dele. Mas ele é o único beneficiário delas — afirmou Sérgio Leonel, um dos coordenadores do MTST.

Depois do julgamento de Cunha, os sem-teto deixaram o local. O grupo estava acampado no gramado do Congresso desde o mês passado, num contraponto aos militantes em campanha contra a presidente Dilma.