Correio braziliense, n.19.094, 05/09/2015. Economia, p. 7

Dias de terror

nvestidores não acreditam no fortalecimento do ministro da Fazenda para fazer o ajuste fiscal e retomam o clima de pânico no mercado. Dólar fecha a R$3,86, a maior cotação em 13 anos.

Rosana Hessel


O Brasil viveu uma semana de cão. Desde 2002, quando a economia ruía por causa da desconfiança do que seria um governo PT, não se via um nervosismo tão grande entre os agentes econômicos. A semana começou de forma desastrosa, com a decisão da equipe econômica de enviar um Orçamento ao Congresso com deficit de R$ 30,5 bilhões, algo inédito na história, e terminou com o dólar cotado a R$ 3,86, o patamar mais elevado dos últimos 13 anos. Somente ontem, a divisa norte-americana subiu 2,68%. Em 12 meses, a valorização chega a 69,2%, atrás apenas das perdas de 81,3% do rublo, a moeda russa.

A tensão foi ampliada por uma notícia vinda dos Estados Unidos. A maior economia do planeta anunciou a criação de 173 mil empregos em agosto, o que derrubou a taxa de desocupação para 5,1%, nível considerado confortável pelo Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, começar a elevar as taxas de juros. As apostas são de que essa alta se dê ainda no fim deste mês, estimulando a saída de recursos do Brasil.

O Brasil viveu uma semana de cão. Desde 2002, quando a economia ruía por causa da desconfiança do que seria um governo PT, não se via um nervosismo tão grande entre os agentes econômicos. A semana começou de forma desastrosa, com a decisão da equipe econômica de enviar um Orçamento ao Congresso com deficit de R$ 30,5 bilhões, algo inédito na história, e terminou com o dólar cotado a R$ 3,86, o patamar mais elevado dos últimos 13 anos. Somente ontem, a divisa norte-americana subiu 2,68%. Em 12 meses, a valorização chega a 69,2%, atrás apenas das perdas de 81,3% do rublo, a moeda russa.

A tensão foi ampliada por uma notícia vinda dos Estados Unidos. A maior economia do planeta anunciou a criação de 173 mil empregos em agosto, o que derrubou a taxa de desocupação para 5,1%, nível considerado confortável pelo Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, começar a elevar as taxas de juros. As apostas são de que essa alta se dê ainda no fim deste mês, estimulando a saída de recursos do Brasil.

Desânimo

Na avaliação do economista Reginaldo Galhardo, da Treviso Corretora, o governo já fez a sua opção e o resultado será a perda do selo de bom pagador, o que agravará ainda mais a situação da economia. “O dólar continuará subindo na próxima semana, porque há a expectativa de anúncio de rebaixamento do país por uma agência de classificação de risco. O mercado está operando com estresse total”, afirmou. Ele destacou que os títulos soberanos brasileiros já estão pagando juros de país especulativo. O risco Brasil, medido pelo Credit Swap Default (CDS), espécie de seguro contra calote, está em 380 pontos, acima da média dos países emergentes com grau de investimento, de 200 pontos.

O desânimo é tão grande que, entre os especialistas, já começou a contagem regressiva para a saída de Levy do governo. O ministro está na Turquia, onde participa de um encontro do G-20, o grupo das 20 economias mais ricas do mundo, sem condições de apresentar qualquer número positivo da economia brasileira. Muito menos garantir que conseguirá entregar, em 2016, a meta fiscal de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) que ele tanto defende para resgatar a confiança.

Segundo o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, mesmo com a permanência de Levy no governo, Dilma não conseguirá aprovar as medidas de ajuste, que ela insiste em fazer apenas pelo aumento da receita. O Legislativo não vai aprovar. Diante de tantas dúvidas, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) caiu 1,83%. Em Nova York, o tombo chegou a 1,66%, por causa das preocupações dos investidores com o Federal Reserve e a China, que está em franco processo de desaceleração.