Título: Ministério público lança campanha
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 24/08/2011, Cidades, p. 23

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) iniciou uma campanha contra as drogas. Com o slogan "Drogas. Você constrói, elas destroem", o objetivo é alertar os brasilienses para os riscos do uso dessas substâncias. Durante 40 dias, a população acompanhará por meio de propagandas na tevê, no rádio e em jornais da capital mensagens que abordam o tema. O Correio aderiu ao projeto e estampará a ideia em suas páginas.

O titular da 7ª Promotoria de Justiça de Entorpecentes e mentor do projeto, José Theodoro Corrêa de Carvalho, destaca que a ação pretende alertar sobre efeitos devastadores dos entorpecentes sem explorar o assunto de forma exagerada. "Não adianta fazer terrorismo ou contar mentira. Queremos trabalhar essa linha na cabeça das pessoas paulatinamente. Estimular o diálogo dos pais com os filhos e fazer com que as famílias eduquem os jovens para evitar problemas futuros", destacou o promotor.

Apesar de não haver estatísticas que comprovem a relação direta entre a prática de crimes e o uso de drogas, o promotor José Theodoro acredita que grande parte dos delitos praticados na cidade tem como motivação o consumo de crack, cocaína, maconha e outras substâncias ilícitas. "Não temos pesquisas fidedignas sobre isso, mas os colegas que atuam em outras promotorias, como a de homicídios e violência familiar, são unânimes em dizer que mais da metade dos crimes são causados por disputas ou por pessoas sob o efeito de entorpecentes", complementou.

Pesquisa O promotor aposta no sucesso da campanha educativa por acreditar que o brasileiro tem postura conservadora em relação às drogas. Ele cita a pesquisa realizada pelo Instituto Sensus ¿ encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e divulgada no último dia 16 ¿, em que 78,6% dos entrevistados se manifestaram contrários à liberação de qualquer tipo de substância ilícita. Das 2 mil pessoas ouvidas em 23 estados e no Distrito Federal, apenas 17,8% responderam aprovar a descriminalização das drogas e 3,7% declararam não ter opinião formada sobre o assunto. "Esses números comprovam que a sociedade sabe que a legalização fará com que haja uma demanda maior por drogas de toda a natureza e, consequentemente, a quantidade de viciados e os problemas de saúde aumentarão", afirma José Theodoro.

O presidente do Conselho de Segurança de Brasília, Saulo Santiago, considera importante o trabalho desenvolvido pelo Ministério Público, mas afirma que outros órgãos também precisam se envolver no enfrentamento às drogas, sobretudo ao crack. "O problema é muito complexo e deve haver o comprometimento de todos. O governo pretende lançar uma campanha contra o crack. Se houver planejamento, execução e avaliação, pode dar certo", analisou Saulo.

Enquete do Correio Uma enquete feita pelo portal correiobraziliense.com.br sondou a opinião dos internautas sobre a liberação das drogas no Brasil. Diferentemente da pesquisa encomendada pela CNT, 55% votaram a favor da descriminalização de substâncias como maconha e cocaína, com o argumento de que os usuários passariam a não se envolver com os tráfico. Outros 44% se manifestaram contrários por acreditar que a liberação desses entorpecentes vai aumentar o poder dos traficantes e a violência nas cidades.