Título: Busca por tratamento
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 30/08/2011, Brasil, p. 8

O estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostrou também que a média de pessoas que tentam parar de fumar varia pouco com a faixa etária. Dos jovens entre 15 e 24 anos, 48% ensaiaram parar de fumar até um ano antes de serem entrevistado. Entre os mais velhos, entre 45 a 64 anos, por exemplo, o percentual é de 41,5%. A diferença está na forma em que se tenta parar. Entre os jovens, somente 2,5% procuram medicamentos e 7,1% procuram aconselhamento. Entre os mais velhos esse percentual pula para 8,3% e 20%, respectivamente.

O que o pneumologista Carlos Alberto vê em seu consultório confirma os dados da pesquisa. "Os jovens buscam muito menos o tratamento. Eles pensam que não vão adoecer e que conseguirão parar sozinhos quando quiserem", relata. Segundo o especialista, geralmente as pessoas que buscam ajuda são mais velhas e já sofrem de alguma enfermidade relacionada ao tabaco.

O vício precoce é ainda mais perigoso porque o sistema respiratório só termina de amadurecer aos 20 anos. Além disso, a relação psicológica que o viciado cria com o cigarro tende a ficar mais forte com o passar dos anos. "Na dependência da nicotina, há um componente fisico-químico, mas há também uma dependência comportamental. Remédio nenhum faz parar de fumar se não houver apoio comportamental", alerta Carlos Alberto.

O pneumologista do Inca Ricardo Meirelles reforça a opinião do colega. "O fumante precisa entender sua relação com o cigarro. Para muitos, ele é um amigo", pondera. Dos 80% dos tabagistas que tentam interromper o vício sem ajuda profissional no país, somente entre 3% e 5% conseguem obter êxito. Os remédios que tratam da abstinência da nicotina só costumam ser receitados para jovens quando eles fumam mais de 15 cigarros por dia. (JB)