Título: Mercado já vê queda
Autor: Martins, Victor; Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 30/08/2011, Economia, p. 10

As chances de o governo reduzir a taxa básica de juros (Selic) já na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina amanhã cresceram. Pelos contratos de juros futuros, segundo operadores de mercado, chegaram a 40%. Enquanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciava a economia extra de R$ 10 bilhões no início da tarde de ontem, essa possibilidade superou os 50%, mas, por falta de uma sinalização mais clara de que a redução na Selic será efetivada amanhã, esse percentual recuou. Na bolsa, o anúncio fiscal foi recebido com certa euforia e a BM&FBovespa fechou em alta de 2,83%, aos 54.860 pontos ¿ com um giro de R$ 5,4 bilhões no pregão.

"As taxas futuras estão em queda porque o mercado ainda está colocando o ajuste do governo e as incertezas no cenário externo na balança e apostando numa queda do juro em algum momento a curto prazo", afirmou o gestor de renda fixa e derivativos da Brasif Gestão, Henrique de la Rocque. "Mas as taxas diminuíram o tamanho da queda no decorrer do dia. Tinha gente esperando algo mais forte, talvez um ajuste fiscal maior, e também que o Mantega fosse mais claro no sentido de reduzir o juro já na quarta-feira", emendou.

Dólar O mercado se concentra atualmente em duas apostas: três quedas de 0,50 ponto percentual na Selic a partir da reunião do Copom de outubro, e três quedas consecutivas de 0,25 ponto percentual, também a partir da reunião de outubro. Para Leandro Roberto Sophia, operador da TOV Corretora, o anúncio veio em boa hora e influenciou também o desempenho da bolsa. "Subiram ações da Petrobras, da Vale, de empresas ligadas à construção civil e de bancos", relatou. "O mercado está avaliando que pode haver um corte de juros a curto prazo, o que será visto, positivamente, como um incentivo para a economia. Isso vai ser bom para investidores estrangeiros e nacionais acreditarem mais no nosso país", disse.

No resto do mundo, a segunda-feira foi positiva para todos os principais mercados. Apenas em Shangai a bolsa ficou no vermelho, com perda de 1,37%. Por aqui, enquanto as ações subiam motivadas pelo anúncio do ajuste fiscal, o dólar derretia. Ontem, fechou com queda de 0,84% em relação à última sexta-feira, cotado a R$ 1,591 na venda. O euro, comparado ao real, também perdeu valor, encolheu 0,39% e fechou o dia a R$ 2,311. (VM)