O Estado de São Paulo, n. 44534, 22/09/2015. Economia, p. B1

Caixa eleva juros dos financiamentos imobiliários pela terceira vez no ano

Murilo Rodrigues Alves

 

A Caixa Econômica Federal anunciou ontem um novo aumento nas taxas de juros das operações parafinanciamen-to de imóveis residenciais contratadas com recursos da poupança. Trata-se da terceira elevação em 2015 das taxas pelo banco estatal, que detém quase 70% do crédito habitacional. Serão corrigidas também as taxas dos financiamentos de imóveis comerciais e mistos.
Os novos juros passam a ser aplicados somente aos imóveis financiados a partir do dia i.° de outubro. Aúltimavezque aCai-xa tornou os financiamentos mais caros foi no dia 13 de abril. No ano de 2014, as taxas ficaram congeladas. Oficialmente, a Caixa diz que está elevando os juros por causa do aumento da taxa básica de juros, a Selic.
Nos financiamentos feitos pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), a taxa balcão-para clientes sem relacionamento com o banco - subirá de 9,45% para 9,9% ao ano. Para quem já tem relacionamento com oban-co (correntistas, por exemplo), os juros subirão de 9,3% para 9,8% ao ano.
Os clientes que recebem salá-riopelobanco vão pagartaxade 9,5% ao ano, em comparação aos 9% definidos em abril. Ataxa que os servidores públicos que são correntistas do banco passarão apagar é de 9,5%, também ante uma taxa de 9% de abril. Para os servidores públicos que, além de correntistas,ambém recebem pela instituição, a Caixa cobrará juros de 9,3% nos financiamentos, ante 8,8% anteriormente.
No SFH, o valor máximo dos imóveis financiados é de R$ 750 mil em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal. Nas demais regiões do País, o limite é de R$ 650 mil.
Segundo a Caixa, as taxas dos financiamentos contratados com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que incluem os do programa Minha Casa Minha Vida, não sofrerão reajuste.
Nas operações enquadradas no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), em que os imóveis têm valores acima de R$ 650 mil a R$ 750 mil, a taxa balcão sobe de 11% para 11,5% ao ano, também em 1.° de outubro, para imóveis residenciais. Nos casos de correntistas e servidores, as faixas passarão de 10,2% a io,7%paraio,5%aii,2%anuais.
No caso de imóveis comerciais enquadrados no SFI, o aumento será maior, com a taxa balcão subindo de 12% para 14% ao ano. Quem é cliente do banco, pagará taxa de 13,5% - a atual é de 11,5%. Para os clientes que ainda recebem pelo banco estatal, os juros subirão de 11% para 13% ao ano.
Além de subir por três vezes as taxas em 2015, a Caixa já anunciou outras medidas que dificultaram o acesso ao crédito para compra de imóveis. Uma delas foi reduzir de 90% para 80% a cota máxima de financiamento do imóvel no Sistema de Amortização Constante (SAC) e para 50% no caso de amortização pela tabela Price. O banco também cortou de 80% para 50% o valor máximo do financiamento de imóveis usados financiados com recursos da poupança.
Espaço. O banco passou a informar que tem foco nos imóveis populares, especialmente osdoprogramaMinhaCasaMi-nha Vida e os financiados pelo FGTS. No entanto, as últimas medidas da Caixa e a orientação de segurar novos empréstimos abrem espaço para os concorrentes abocanharem umaparce-la do mercado que o banco estatal sempre dominou.
Maior financiador imobiliário do País, a Caixa vem adotando medidas para contornar a sangria de recursos da caderneta de poupança, principal fonte dos financiamentos. No acumulado de janeiro a agosto deste ano, os saques ultrapassaram os depósitos na poupança em R$48,5 bilhões.
O governo tentou socorreros financiamentos imobiliários com um pacote que inclui mais R$ 5bilhões do FGTS (sendo R$ 4 bilhões para a Caixa e R$ 1 bilhão para o BB) e a liberação de R$ 22,5 bilhões de compulsórios, depósitos que os bancos são obrigados a manter no Banco Central, desde que fossem usados para crédito imobiliário.