Correio braziliense, n. 19133, 14/10/2015. Cidades, p. 19

GDF reduz pastas, mas mantém apoios

 

 

"Com bons argumentos, sou uma pessoa fácil de ser convencida. Depois de muitas conversas, achei por bem manter a Agricultura como estava, por ser um setor de extrema importância para a cidade" Rodrigo Rollemberg (PSB), governador "Reduzimos para 17 secretarias com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços públicos de Brasília. Estamos economizando em áreas meio para ter mais poder de investimentos em áreas fim" (Rodrigo Rollemberg (PSB), governador)


Número de secretarias diminui para 17 e partido do governador sai como o maior prejudicado. Só falta definir quem comandará Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humados. Objetivo, segundo Rollemberg, é cortar gastos com comissionados

Depois de inúmeras reuniões, uma noite sem dormir e um corte a menos do que o prometido, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) saiu do anúncio do novo secretariado, ontem, satisfeito com o resultado das mudanças que fez no Executivo local. O socialista tinha a difícil missão de reduzir espaços ao mesmo tempo em que não podia desagradar aliados. Como era de se esperar, teve gente que fez cara feia, mas, no geral, o Palácio do Buriti conseguiu acomodar os principais aliados. O número de pastas, em vez de 16, como havia sido divulgado, ficou em 17.
 
Além do PRB, que viu a única secretária ligada ao partido, Leila Barros, ser rebaixada para o segundo escalão, outro problema para Rollemberg é o próprio partido, o PSB. A sigla saiu como a principal derrotada da reforma administrativa. Dos três secretários que tinha, ficou com apenas um: Marcos Dantas, que trocou Relações Institucionais pela Mobilidade. A executiva regional da sigla se reunirá amanha de manhã para avaliar o resultado da dança das cadeiras. A legenda não descarta declarar publicamente a insatisfação por ter perdido espaço no primeiro escalão.
 
Para acalmar os socialistas, Rollemberg deu poder a Igor Tokarski, que estava como administrador de Brasília por indicação do PSB. Ele assume como adjunto da Casa Civil e fará o papel que era de Dantas: será o responsável pelas relações políticas do governo, principalmente com o Legislativo local. Outro colega de partido de Rollemberg, Marcos Pacco, que era secretário de Desenvolvimento Humano e Social, pasta oferecida ao PDT, também deve ser agraciado com algum posto. Governistas estudam criar uma coordenadoria de programas estratégicos, que seria vinculada ao gabinete do governador e trataria das pautas positivas do GDF.
 
Outro socialista que saiu perdendo foi Jaime Recena. Ele seguirá responsável pela área de Turismo no GDF, mas não faz mais parte do primeiro escalão — ficará como adjunto da pasta de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo. O chefe do órgão será Arthur Bernardes, que é secretário de Economia desde o começo do ano. Ele é indicado do PSD, que bateu o pé, pressionou e não aceitou entregar o comando da pasta.
 
Mudanças
Em 15 de setembro, Rollemberg anunciou um pacote de medidas a fim de combater a crise financeira e, entre as ações, estava a redução de secretarias. Na ocasião, ele chegou a divulgar como ficaria a nova estrutura do governo. Como havia antecipado o Correio, porém, as movimentações nos bastidores foram intensas e poucas das fusões inicialmente previstas saíram do papel. Agricultura, por exemplo, segue no primeiro escalão. “Com bons argumentos, sou uma pessoa fácil de ser convencida. Depois de muitas conversas, achei por bem manter a Agricultura como estava, por ser um setor de extrema importância para a cidade”, relatou o socialista.
 
Segundo o comandante do Buriti, as alterações darão mais eficiência à máquina pública. “Reduzimos para 17 secretarias com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços públicos de Brasília. Estamos economizando em áreas meio para ter mais poder de investimentos em áreas fim”, explicou. Os novos secretários tomarão posse na próxima terça-feira. Até lá, serão definidas as estruturas das novas pastas. Todos têm a incumbência de diminuir as despesas com cargos comissionados em 20%. “Gastamos, em média, R$ 40 milhões por mês com pagamento de pessoas que ocupam funções gratificadas. Com os cortes, pretendemos economizar, mensalmente, cerca de R$ 8 milhões”, ressaltou Rollemberg.
 
Também houve troca no comando da Controladoria-Geral do governo. O órgão tem status de primeiro escalão e, agora, será chefiado pelo auditor de controle externo do Tribunal de Contas da União, Henrique Ziller. O promotor de justiça Djacyr Arruda deixa o cargo após pouco mais de nove meses no GDF. Ziller tem formação técnica, mas também é político e fez boa votação no último pleito para distrital.
 
Apenas uma secretaria não teve o nome do chefe revelado. A superpasta de questões sociais, que engloba três áreas com status de secretaria atualmente (Desenvolvimento Social; Política para Mulheres, Direitos Humanos e Igualdade Racial; e Trabalho), foi criada especialmente para acomodar o PDT. O partido, contudo, ainda não definiu quem indicará para assumir a pasta. O distrital Reginaldo Veras recebeu o convite, mas recusou. O governo também sondou o deputado Joe Valle. Ele chegou a afirmar publicamente que não assumiria o posto, mas depois disse que ainda não estava decidido. Se de fato ele não for para o Executivo, o PDT estuda outros nomes ligados ao partido que poderiam ser indicados.
 
20%
Diminuição em despesas com cargos comissionados que cada secretário terá que realizar
 
R$ 8 milhões
Quantia que deve ser economizada mensalmente com o corte no número de secretarias e redução de comissionados
 
Os novos chefes
 
 
Casa Civil e Relações Institucionais e Sociais
» O até então chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, acumula a chefia das duas pastas
 
 
 
Planejamento, Orçamento e Gestão
 
 
» Leany Lemos, do Planejamento, é a comandante. Alexandre Lopes, que estava na Gestão Administrativa, fica de adjunto
 
Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo
 
 
» Arthur Bernardes toma conta do órgão. Jaime Recena, ex-secretário de Turismo, torna-se o número dois da pasta
 
 
Educação e Esporte
» Julio Gregório é o secretário. Leila Barros, até então chefe de Esporte, fica de adjunta
 
Mobilidade
 
» O até então secretário de Relações Institucionais e Sociais, Marcos Dantas, assume o cargo. Carlos Tomé vai para chefia de gabinete do governador

Política para Crianças, Adolescentes
» A estrutura continua, mas muda o chefe: sai Jane Klebia e entra Aurelio de Paula Guedes —  ambos apadrinhados do distrital Professor Israel (PV)
 
 
 
 
Controladoria-Geral do DF
» Sai Djacyr Arruda e entra Henrique Ziller, auditor de controle externo do TCDF e suplente de distrital
 
Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos
» Entra na cota do PDT, mas não tem nome definido. Os distritais Joe Valle e Reginaldo Veras recusaram convite para assumir a supersecretaria
 
Mantidos no cargo
 
Casa Militar
Cláudio Ribas
 
Segurança Pública e Paz Social
Arthur Trindade
 
Cultura
Guilherme Reis
 
Fazenda
Pedro Meneguetti
 
Infraestrutura e Serviços Públicos
Julio Cesar Peres
 
Justiça e Cidadania
João Carlos Souto
 
Saúde
Fábio Gondim
 
Gestão de Território e Habitação
Thiago Andrade
 
Meio Ambiente
André Lima
 
Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural
José Guilherme Leal
 
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Fonte: Matheus Teixeira – Correio Braziliense – Fotos: Breno Fortes/CB/D.A.Press – Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press – Pedro Ventura – Agencia Brasília – Carlos Moura/CB/D.A.Press – Minervino Junior/CB/D.A.Press – Bruno Peres/CB/D.A.Press.