Golpe é usar dinheiro do crime, diz Aécio

 

Erich Decat/Isadora Peron

O Estado de São Paulo, n. 44530, 18/09/2015. Política, p. A7

 

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), rebateu ontem declarações feitas pela presidente Dilma Rousseff, que anteontem classificou como “versão moderna de golpe” a tentativa dos adversários de usar a atual crise política e econômica para chegar ao poder. Para Aécio, “golpe e atalho para se chegar no poder é utilizar dinheiro do crime”.

“Da mesma forma que lá trás nós apontávamos acorrupção en-dêmicanaPetrobrás, anecessida-de de reequilíbrio fiscal do País, quando apontávamos os descala-bros das medidas que desorganizaram o setor elétrico, nós éramos acusados de pessimistas”, disse o tucano antes de participar do seminário Caminhos para o Brasil, promovido pelo Instituto Teotônio Vilela, em Brasília.

Segundo Aécio, agora “aqueles que criticam o governo são acusados de golpistas”. “Golpe e atalho para se chegar no poder é utilizar dinheiro do crime ou de irresponsabilidade fiscal para se obter votos.”

O senador tucano ainda ironizou as mais recentes declarações de Dilma. “Quando abrimos os jornais, vemos uma presidente da República obcecada com o próprio fim do seu governo. A presidente ontem (anteontem), por duas vezes, sem ser instada, fala em golpismo, em atalhos para se chegar ao poder”, afirmou.

“Veredicto”. Ontem a presidente Dilma Rousseffvoltou ao tema do impeachment durante discurso na cerimônia de recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

“Queremos um País em que os políticos pleiteiem o poder por meio do voto e aceitem os veredictos das urnas. Em que os juí-zes julguem com liberdade e imparcialidade, sem pressões de qualquer natureza e desligados de paixões político-parti-dários. Jamais transigindo com a presunção da inocência de qualquer cidadão”, disse a presidente pouco depois das afirmações do senador tucano.

O PSDB é autor de quatro ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que contestam alegi-timidade da reeleição de Dilma.

UTC. Ontem, em uma dessas ações, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono daUTC, compareceu ao TSE, mas se manteve calado. Esta foi a segunda tentativa de ouvir Pessoa perante ao TSE, que já havia sido frustrada pela exigência de silêncio devido ao acordo de delação premiada que celebrou com o Ministério Público Federal e que é mantido sob sigilo pelo ministro Teori Za-vascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo. A aposta do PSDB era que o empreiteiro detalhasse pagamentos irregulares à campanha para embasar o pedido de cassação de mandato.

Paralelamente ao julgamento da corte eleitoral, integrantes da oposição também aguardam a análise por parte do Tribu- nal de Contas daUnião (TCU) a respeito das chamadas “pedaladas fiscais”. Um posicionamento do TCU pode dar início a um processo de impeachment de Dilma.