Título: US$ 447 bi contra recessão
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Fonte: Correio Braziliense, 09/09/2011, Economia, p. 10

Plano de Obama para criar empregos nos EUA prevê corte de impostos e investimentos em infraestrutura

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lançou ontem um plano que prevê investimentos em infraestrutura e redução pela metade dos impostos para empresas que contratarem empregados. No total, o programa deverá custar US$ 447 bilhões, entre renúncias fiscais e gastos em obras como reparos de estradas e pontes e a reforma de mais de 35 mil escolas em todo o país.

Anunciado em discurso no Congresso, o pacote tem o objetivo de reduzir a taxa de desemprego, que alcança 9,1% da força de trabalho e vem minando a popularidade do presidente, ameaçando seus planos de se reeleger em 2012. Por essa razão, Obama ajustou o tom do pronunciamento para se dirigir ao eleitor norte-americano que sofre com os efeitos da crise, que ameaça jogar a economia na recessão.

"Todos aqui sabem que é nas pequenas empresas que os os empregos começam. Então, para todos os que falam em criar empregos, esse plano é para você. As pequenas empresas terão redução de impostos para quem contratar", disse ele. "O propósito é colocar mais pessoas de volta ao trabalho, e mais dinheiro no bolso dos trabalhadores."

Circo Afirmando que os EUA enfrentam uma "crise nacional", com a economia estagnada, ele exortou os parlamentares governistas e de oposição a aprovar rapidamente as propostas. Em tom incisivo, disse que os políticos de Washington, precisam "parar com o circo", numa referência à disputa travada entre republicanos e democratas em torno da elevação do teto de endividamento público, em julho, que quase forçou o país a entrar em moratória.

Batizado de "Lei de Empregos Americanos", o plano prevê a prorrogação dos benefícios do seguro desemprego até o fim de 2012, a redução de impostos e das contribuições dos trabalhadores para a previdência, o equipamento das escolas com computadores a acesso à banda larga e a contratação de mais professores. Haverá estímulos para a contratação de veteranos de guerra e as empresas receberão um crédito de US$ 4 mil ao empregar um trabalhador que tenha passado mais de seis meses procurando emprego.

Esse é o segundo grande pacote anunciado pelo presidente norte-americano para recuperara a economia. Logo depois da posse, em 2009, ele lançou um plano de US$ 800 bilhões que não conseguiu fazer a economia retomar o crescimento de forma sustentada. De acordo com Obama, o atual projeto "dará às empresas confiança de que, se elas investirem e contratarem, haverá consumidores para seus serviços e produtos".

Ele garantiu que, mesmo reduzindo impostos, o programa não vai aumentar o deficit nas contas públicas. O governo e a oposição estão discutindo formas de economizar US$ 1,5 trilhão, no prazo de 10 anos, para conter o crescimento da dívida pública, que já bate nos US$ 15 trilhões. Segundo analistas políticos, o tom empregado por Obama no pronunciamento, que foi transmitido ao vivo pela televisão, representou um desafio para a oposição republicana, que corre o risco de ser responsabilizada pela continuidade da crise se o plano não passar no Congresso.

Comissão revê deficit Uma "supercomissão" do Congresso dos Estados Unidos reuniu-se pela primeira vez ontem para tentar identificar, até novembro, possíveis reduções orçamentárias para reduzir a dívida pública norte-americana, que já alcançou 14,7 trilhões de dólares. Manifestantes interromperam por alguns momentos a reunião, gritando "empregos já". O grupo, que tem 12 integrantes, sendo seis democratas e seis republicanos, foi criado em 2 de agosto, depois que o Congresso autorizou, na última hora, o aumento do teto da dívida federal. A comissão deve recomendar medidas para economizar cerca de US$ 1,5 trilhão em dez anos, que terão de ser avaliadas pelo Congresso até 23 de dezembro.