O Estado de São Paulo, n. 44552, 10/10/2015. Economia p. B1

 

Brasil e Colômbia fecham acordo de livre-comércio para o setor automotivo

Acordo prevê cota de 12 mil veículos no ano que vem, passando para 50 mil a partir de 2018, que poderão ser exportados com tarifa zero; para a Anfavea, será uma oportunidade para as montadoras disputarem mercado de 350 mil carros por ano

 

BRASÍLIA E BOGOTÁ - Brasil e Colômbia firmaram nesta sexta-feira um acordo para incentivar o comércio de veículos entre os dois países. A partir do ano que vem, haverá uma cota de automóveis que poderá ser exportada com tarifa zero. Inicialmente, essa cota será de 12 mil veículos, subindo para 25 em 2017 e 50 mil a partir de 2018.

 

 

O acordo foi fechado em Bogotá, durante visita de Estado da presidente Dilma Rousseff à Colômbia. “Em 2014, o intercâmbio comercial passou de US$ 1,5 bilhão para US$ 4 bilhões. São 165% de crescimento. Acredito que é apenas o início de um processo que, sem dúvida, será vantajoso para os povos e a economia dos países”, disse Dilma.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, comemorou o acordo e citou que é preciso trabalhar, sobretudo, nos momento de crise econômica. “Temos de trabalhar os temas comerciais diante das dificuldades econômicas. Aumentar os investimentos recíprocos”, afirmou o presidente Santos.

A Colômbia é o terceiro maior mercado da América do Sul e pode significar um alívio para o setor nesse momento de queda nas vendas no mercado doméstico e encolhimento no comércio bilateral com a Argentina. A demanda na Colômbia gira em torno de 300 mil a 350 mil veículos por ano, e o País ainda tem uma indústria automotiva em desenvolvimento, com capacidade de produção em torno de 120 mil unidades.

 

 

Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, em pronunciamento ao lado de Dilma Rousseff, que viajou para a ColĂ´mbia para acelerar acordos comerciais

Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, em pronunciamento ao lado de Dilma Rousseff, que viajou para a Colômbia para acelerar acordos comerciais

 

 

Competição. Atualmente, para um carro brasileiro entrar no mercado colombiano precisa pagar 16% de tarifa de importação. O vice-presidente da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), Antônio Sérgio Melo, disse que o acordo dará condições mais favoráveis para o Brasil competir no mercado colombiano. Ele destacou que a Colômbia já tem outros acordos automotivos com países como EUA, México e Coreia, além da União Europeia. 

“É fundamental que o Brasil participe desse mercado”, disse. “O acordo é oportuno e permitirá que a indústria brasileira tenha maior participação no mercado colombiano. Estão sendo criadas condições mais favoráveis.” 

Segundo o acordo, para terem direito à isenção de Imposto de Importação, as montadoras terão de cumprir uma exigência mínima de uso de peças regionais na produção. 

O entendimento para o livre-comércio no setor automotivo é um avanço do Acordo de Complementação Econômica de número 59 assinado, em 2003, por Colômbia, Venezuela, Equador e os países do Mercosul. Nos últimos anos, porém, o processo de redução de tarifas vinha ocorrendo de forma lenta. 

Além do entendimento no setor automotivo, Dilma e Santos firmaram mais dois atos: um acordo de cooperação e facilitação de investimentos entre os países e um memorando de entendimento para a cooperação em assuntos indígenas na fronteira. Também foram firmadas parcerias na área de meio ambiente e transporte fluvial.

 

O acordo:

 

- Cota

Acordo fechado entre Brasil e Colômbia prevê uma cota de veículos que poderá ser exportada com tarifa zero. A cota começa com 12 mil veículos, passando para 25 mil em 2017 e 50 mil a partir de 2018.

- Mercado

A Colômbia é o terceiro maior mercado na América do Sul e o acordo pode trazer alívio para a indústria automobilística no momento de forte queda das vendas no mercado doméstico brasileiro e o encolhimento no comércio bilateral com a Argentina.

- Demanda

A demanda por veículos na Colômbia é de 300 mil a 350 mil veículos por ano. Hoje, um carro brasileiro para um imposto de 16% para entrar no mercado colombiano.