Título: Terrorismo nunca mais
Autor: Guimarães, Lázaro
Fonte: Correio Braziliense, 13/09/2011, Opinião, p. 15

Magistrado, conselheiro nacional do Ministério Público, professor da Universidade Católica de Pernambuco

Dez anos se passaram dos atentados às torres gêmeas do World Trade Center e à sede do Pentágono e o mundo não conseguiu absorver a lição básica de que a violência política precisa ser combatida com rigor em todas as suas manifestações, sob pena de levar a uma escalada incontrolável que sempre resulta em catástrofe.

Tome-se o exemplo da ascensão do nazismo, na Alemanha das décadas de 20 e 30 do século passado. O partido das camisas negras e das suásticas jamais escondeu a sua intolerância e crueldade com os adversários, mas foi admitido, acolhido, inclusive por muitas das suas futuras vítimas, chegou ao poder e provocou uma das maiores carnificinas da história. É importante lembrar que grande parte das populações da França, da Espanha, da Itália, até mesmo algumas correntes políticas do Brasil, aderiram à louca pregação de Hitler. Dois livros mostram como esse colaboracionismo com a barbárie contribuiu para a tragédia: Eichman em Jerusalém, de Hanna Arendt, e Suite française, de Irène Némirovsky.

As ideias centrais do terrorismo são a destruição pela destruição, a eliminação física dos inimigos, a estratégia do medo e a pregação da mentira. Seus líderes, geralmente psicopatas, sem qualquer escrúpulo, se apresentam como vítimas da sociedade e elegem os culpados por fantasiosas deturpações da realidade para conquistar a simpatia dos ingênuos e da massa desinformada. Às vezes atacam de surpresa alvos aleatórios para fazer alarde, com objetivo de propaganda, outras vezes promovem ataques aos que trabalham no sentido da normalidade democrática e que os combatem na forma da lei.

O Estado tem que estar preparado para prevenir e reprimir o uso da violência como meio de conquista do poder, seja qual for a natureza dessa atividade, seja política, econômica, sindical ou religiosa. As centrais de inteligência devem vasculhar a internet, auscultar os ruídos de preparação de invasões e atos de vandalismo em geral, para evitar que venham a ser deflagrados, e, se o forem, agir com rapidez para punir os culpados, executores e articuladores.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa Ocidental, devastada, resolveu abandonar a cultura milenar da violência política e instaurou uma época de cooperação, democracia e solidariedade que resultou na União Europeia. Subsistem, contudo, os grupos neonazistas, o preconceito racial e o chauvinismo, agora com força redobrada pelas consequências da crise econômica, como o desemprego e o empobrecimento da classe média.

Mais tarde, idêntica reação libertária se deu no Brasil, na Argentina e no Chile, após dois decênios de ditaduras militares. Os regimes democráticos que se implantaram precisam manter-se pela mútua colaboração, pela correção das desigualdades sociais, pelo incremento da educação e pelo firme combate à violência, que supõe a prevenção e repressão à criminalidade por um aparelho estatal eficaz, imune à prática da tortura, mas capaz de evitar atentados como o que ceifou a vida da juíza Patrícia Amorim, e, quando ocorridos, rapidamente encontrar e punir os culpados. Os indícios de que os autores são policiais militares já foram reconhecidos.

É possível eliminar o terrorismo e a violência política, que se manifesta também em atos individuais de assassinatos de autoridades ou de concorrentes ao sufrágio, mediante trabalho firme e coordenado dos organismos policiais, do Ministério Público, do Poder Judiciário e, em ocasiões excepcionais, das Forças Armadas, quando houver ameaça à segurança nacional e à ordem pública. Os integrantes de cada uma dessas categorias têm que atuar de forma integrada e em sintonia fina com os interesses públicos. E, para que esse concerto resulte em harmonia, a sociedade, por todos os seus canais de representação, tem