Título: Deborah quer dinheiro apreendido de volta
Autor: Taffner, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 13/09/2011, Cidades, p. 25

Está previsto para a próxima quinta-feira o retorno do julgamento da segunda denúncia apresentada contra os promotores Leonardo Bandarra e Deborah Guerner no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Eles foram acusados pelos crimes de violação de sigilo profissional, concussão e formação de quadrilha. Também acabaram incluídos no caso o marido da promotora, Jorge Guerner, e a servidora pública Cláudia Marques. A sessão foi interrompida em 18 de agosto devido ao pedido de vista do desembargador Néviton Guedes. Para voltar à pauta, é necessário que ele e a relatora do processo, desembargadora Mônica Sifuentes, confirmem presença na próxima reunião da Corte.

Com um percurso longo a percorrer no Judiciário, os Guerner querem adiantar outro assunto. Na semana passada, a advogada Mariana Kreimer Caetano Melucci entrou com pedido de restituição de R$ 280 mil apreendidos pela Polícia Federal e o Ministério Público, no ano passado, em ação de mandado de busca e apreensão na residência do casal, no Lago Sul. O advogado Paulo Sérgio Leite, que também representa os dois, disse que o pleito é legítimo. "O dinheiro tem origem lícita e pertence a eles. O Imposto de Renda deles suporta o valor e não há por que ficar retido", afirma.

Cofres O montante foi encontrado em cofres escondidos na residência do casal. Um deles estava em um bunker construído no jardim. "A forma como guardam os bens não tem importância. Pode ser na sala ou na casinha de cachorro, desde que seja tudo legal", diz Leite. Também foram encontrados vídeos e documentos usados como indícios de ilegalidades. Algumas imagens mostram Jorge Guerner guardando maços de dinheiro nos cofres e explicando como faria para esconder a parte "quente" em cofre separado a fim de evitar que outras pessoas achassem o montante total.

Em entrevista recente, Jorge Guerner alegou que guardava o dinheiro em casa a fim de ter fácil acesso aos recursos para pagar os funcionários. Além disso, ele disse que considerava o local mais seguro. Agora, segundo a defesa, o casal precisa dos recursos, inclusive, para poder pagar o tratamento psiquiátrico da promotora. Deborah Guerner alega sofrer de transtorno bipolar múltiplo. Essa não é a primeira vez que os advogados destacam a falta de condições econômicas dos clientes. No semestre passado, Paulo Sérgio Leite chegou a anunciar que deixaria o caso porque o casal não tinha mais condição de arcar com a defesa.