Valor econômico, v. 16, n. 3946, 19/02/2016. Brasil, p. A2

Livre comércio de veículos com Argentina deve demorar até cinco anos

Olmos Marli

RIO - O livre comércio de veículos e autopeças entre Brasil e Argentina deve demorar até cinco anos, afirmou o ministro de Desenvolvimento, Armando Monteiro ao jornal “Valor Econômico”. O governo de Mauricio Macri, assim como o de sua antecessora, Cristina Kirchner, também resiste à liberação das fronteiras de imediato.

Ainda de acordo como “Valor Econômico”, parte da indústria esperava que Macri, mais liberal do que Kirchner, apoiaria uma abertura. Mas a forte desvalorização do real provocou perda de competitividade aos argentinos, que buscam formas de compensar a desvantagem em relação ao Brasil. Após reunir-se com Monteiro, o ministro de Produção da Argentina, Francisco Cabrera, disse que o livre comércio é uma meta a ser atingida “a longo prazo”.

Monteiro afirmou, segundo o diário econômico, que a ideia é “oferecer salvaguardas” para casos de desequilíbrio, como ocorre com as autopeças. E sugere como inspiração o InovarAuto, programa que termina em 2017 e que estabeleceu incentivos à indústria automobilística em troca de investimentos em expansão e melhorias no nível de segurança e de emissão dos carros. Depois disso, os dois países poderiam trabalhar juntos em busca de novos mercados, destaca o “Valor Econômico”.

Técnicos de governo e indústria da Argentina e do Brasil vão se reunir a partir de abril para como será a renovação do acordo que prevê a proteção e que expira em 30 de junho e para criar um ambiente propício à liberação do comércio, segundo “Valor Econômico”.

Os governos do Brasil e da Argentina também já debatem como compensar as perdas de demanda em ambos os mercados. Uma das possibilidades, ressalta o “Valor Econômico”, é uma aproximação com os países que compõem a Aliança do Pacífico.

O setor automotivo, destaca o “Valor Econômico”, representa 45% do comércio entre Brasil e Argentina, que recuou 18,8% em 2015, num total de US$ 23 bilhões.