Título: Estudantes ocupam reitoria
Autor: Menezes, Leilane
Fonte: Correio Braziliense, 14/09/2011, Cidades, p. 28

Inconformados com o atraso de três anos nas obras do câmpus da Universidade de Brasília (UnB) em Ceilândia, aproximadamente 400 alunos ocuparam a reitoria da unidade Darcy Ribeiro, na Asa Norte, na manhã de ontem. Tentaram entrar no gabinete do reitor, mas foram impedidos pela polícia do câmpus. Houve tumulto e, em meio ao empurra-empurra, uma porta de madeira terminou quebrada.

Sem conseguir contato com o reitor da UnB, José Geraldo Júnior, os universitários ocuparam o Salão de Atos, ao lado da reitoria. Cerca de 50 alunos dormiram no salão, de ontem para hoje. Entre outras exigências, eles querem uma reunião com o reitor, com o governador do DF, Agnelo Queiroz, e um representante do Ministério Público Federal, para garantir que os pedidos serão acatados.

Pedem também o fim do contrato firmado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) com a empresa que toca a obra de Ceilândia, a Uniengenharia; realização de contrato emergencial para finalizar os prédios em construção, urbanização do estacionamento, segurança, novas cadeiras e mesas e condições de moradia, como há na Casa do Estudante. Por fim, reivindicam as mesmas condições oferecidas no Darcy Ribeiro. O câmpus de Ceilândia tem 1,5 mil alunos.

Promessas

Representantes da reitoria entregaram cartas com propostas aos jovens, na tarde de ontem. A UnB assumiu a responsabilidade de terminar um dos prédios do câmpus de Ceilândia. O governo já notificou a Uniengenharia sobre a quebra do contrato.

No fim da tarde, José Geraldo Júnior apareceu para conversar com os alunos. "Queremos agilidade, mas vamos trabalhar nos prazos da lei", ponderou. De acordo com o reitor, a construção do prédio assumido pela UnB vai custar R$ 2 milhões.

A Secretaria de Obras, responsável pelo prédio em Ceilândia, publicará novo edital assim que o contrato com a Uniengenharia estiver legalmente rompido. Nesse documento, ficará estabelecido que a execução da obra ocorrerá em dois turnos, em caráter de urgência.

Rodrigo Silvério, 20 anos, estuda saúde coletiva. Está no 4º semestre, sem acesso a laboratórios e em salas de aula lotadas. "Vivemos uma situação ridícula de abandono", reclamou. Indyara de Araújo, 19, aluna do 5º semestre do mesmo curso, precisou atrasar a formatura por conta do atraso das obras. "Há matérias que simplesmente não são oferecidas por falta de salas de aula. Nós fizemos vestibular, buscamos um sonho e encontramos todos esses problemas", lamentou. Amanhã, 15 estudantes sairão da UnB às 6h, rumo a Ceilândia, para continuar o movimento.

Em nota, a Uniengenharia afirmou que as obras atrasaram porque a universidade fez diversas intervenções no projeto e o governo atravessou crises, como a Caixa de Pandora. "A empresa é um problema do GDF, mas a UnB não fez nenhuma interferência que atrapalhasse a execução do projeto". A assessoria de imprensa da Secretaria de Obras informou, na noite de ontem, que o secretário não recebeu nenhum convite formal para a reunião com os estudantes. O reitor da UnB afirmou estar disponível para o diálogo.