Plano armado por Delcídio Amaral para fuga de Cerveró incluía jatinho e veleiro

 

Adriano Ceolin / Gustavo Aguiar

O Estado de São Paulo, n. 44599, 26/11/2015. Política, p. A6

 

O plano de fuga que tiraria do Brasil o ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi detalhado nesta quinta-feira (26/11), em reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo. A ação contou com o envolvimento do senador petista Delcídio Amaral, preso na quarta-feira (25/11), por tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.

Segundo a publicação paulista, o esquema foi elaborado para que, assim que recebesse um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, Cerveró pudesse ser levado até a Espanha. Entre os métodos cogitados para o sucesso da corrupta missão, os envolvidos pensaram em usar um avião, que levaria o banqueiro até a Europa, ou até mesmo um veleiro, que cruzaria o Oceano Pacífico saindo da Venezuela.

A estratégia foi descoberta por meio de conversas telefônicas entre Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras e responsável por gravar as ligações, e Delcídio Amaral. O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, também participou das chamadas por telefone. Em determinado momento da conversa, o senador do PT detalha as articulações que fez no STF para conseguir o habeas corpus de Cerveró e afirma, momentos depois, que “o foco é o seguinte: tirar. A hora que ele sair, tem que ir embora mesmo”.

Em outro trecho da gravação, a partir dos 19 minutos, o tema da conversa é o modo como a fuga será realizada. Nesta parte, é possível ouvir Delcídio criticar a sugestão o advogado Edson Ribeiro, que havia sugerido o uso do modelo de avião Citation na empreitada. “Não, não. Citation tem que parar no meio…tem que pegar um Falcon 50, alguma coisa (…) Aí vai direto, vai embora. Desce na Espanha. Falcon 50, o cara sai daqui e vai direto até lá”, opinou o líder do governo.

Delcídio Amaral tentou armar o plano porque temia que Nestor Cerveró fechasse acordo de delação premiada, o que aconteceu em 18 de novembro. O petista tinha receio de que o banqueiro o implicasse no esquema de propinas da Petrobras. Antes disto, porém , ele já havia sido citado na delação premiada do lobista Fernando Baiano, que afirmou que Delcídio teria recebido US$ 1,5 milhão na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas.