Título: Contratações desaceleram
Autor: Bonfanti, Cristiane; Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 15/09/2011, Economia, p. 16

O Brasil botou o pé no freio da geração de empregos e vai abrir menos postos que os previstos pelo titular do Emprego e Trabalho, Carlos Lupi. Porta-voz das projeções do governo para a área, o ministro já se viu obrigado a revisar a meta de 2011 de 3 milhões para 2,7 milhões de vagas. Mas o número pode encolher ainda mais. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), só em agosto o ritmo caiu 36,4%. No mês passado, 190,4 mil pessoas conquistaram um emprego, número bem inferior aos 299,4 mil contemplados com um lugar ao sol no mesmo período de 2010.

No acumulado do ano, as contratações de trabalhadores com carteira assinada superaram as demissões em 1,8 milhão até agosto. No ano passado, para período idêntico, o saldo era de 2,1 milhões ¿ o que mostra uma retração de 16,8%. A indústria foi a principal responsável pela desaceleração. Pelos dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), 13 mil vagas foram fechadas em fábricas paulistas no mês passado ¿ um recuo de 0,49% na comparação com julho. De 22 setores analisados pela entidade, oito registraram crescimento, dois ficaram estáveis e 12 tiveram perdas.

Importados As demissões ocorreram com mais força nas fábricas de artigos de viagem e calçados (-3,9%), de alimentos (-1,8%) e confecções (-1,7%). Apesar dos números negativos, Lupi insistiu em pintar um cenário otimista. "Estamos crescendo menos que em 2010, quando não tinha uma crise internacional, mas estamos crescendo", frisou. Mas Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Arab Bank Corporation (ABC Brasil), discorda. "A indústria surpreendeu para baixo. Devia estar contratando por causa da necessidade de aumentar a produção para o fim do ano, mas não está", observou.

O vilão, segundo Leal e também os industriais, é o dólar baixo, que tem favorecido as importações. "A queda do setor não tem relação com demanda doméstica. É fruto, sim, da concorrência dos importadores", avaliou.