Título: Grécia promete se ajustar
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Fonte: Correio Braziliense, 15/09/2011, Economia, p. 24

França e Alemanha apoiam permanência do país na Zona do Euro, mas exigem austeridade para liberar mais socorro financeiro

Paris ¿ Os governos da França e da Alemanha afirmaram ontem, em comunicado, estarem "convencidos" de que o futuro da Grécia está na Zona do Euro, após o primeiro-ministro grego, George Papandreou, ter manifestado "absoluta determinação" de cumprir com os compromissos de austeridade assumidos junto à União Europeia em troca dos planos de resgate financeiro do país.

O comunicado foi divulgado pela presidência francesa após uma teleconferência entre Papandreou, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, agendada para tentar aplacar os rumores sobre a possibilidade de uma moratória grega, que poderia excluir o país da união monetária. "O presidente da República e a chanceler estão convencidos de que o futuro da Grécia está na Zona Euro", afirma a nota.

Sarkozy e Merkel, no entanto, aumentaram a pressão sobre Papandreou e reiteraram que, se não cumprir rigorosamente o programa de cortes de despesas e de privatizações que visam reduzir o deficit e a dívida pública, o país não continuará recebendo os recursos do plano de resgate acertado no ano passado pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

O socorro, no valor de 110 bilhões de euros, evitou a quebra de Atenas, mas a liberação da sexta parcela, no valor de 8 bilhões de euros, foi suspensa na semana passada quando surgiram dúvidas sobre a capacidade da Grécia de reduzir o deficit fiscal para os níveis combinados. "A aplicação dos compromissos do programa é indispensável para que a economia grega possa encontrar um crescimento sustentável e equilibrado", frisa o comunicado.

Resgate Em 21 de julho passado, os dirigentes europeus definiram um segundo plano de resgate à Grécia, de 159 bilhões de euros, e decidiram reforçar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), criado para ajudar países em dificuldades. A aplicação desse programa, no entanto, ainda depende da aprovação dos governos e dos parlamentos dos 17 países que integram a Zona do Euro.

Merkel e Sarkozy prometem trabalhar para acelerar essa aprovação. "O presidente da República e a chanceler disseram que, mais do que nunca, é indispensável aplicar plenamente as decisões adotadas no dia 21 de julho pelos chefes de Estado e de governo da Zona Euro para assegurar a estabilidade da região", afirma o comunicado da presidência francesa.

Europa em risco Estrasburgo ¿ A crise da dívida deixa a Europa em perigo, afirmou ontem Jacek Rostowski, ministro da Economia da Polônia, país que ocupa a presidência semestral da União Europeia (UE), em um discurso no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. "Se a Zona do Euro rachar, a UE não será capaz de sobreviver, com todas as consequências que nós podemos imaginar", disse. "A crise pode ter efeitos enormes. Se prosseguir durante um ano ou dois, teremos que enfrentar uma taxa de desemprego que dobrará em alguns países, incluindo os mais ricos", alertou. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, por sua vez, criticou a França e a Alemanha por tentarem solucionar os problemas em uma ação bilateral, sem consultar os parceiros. "Estamos enfrentando a crise mais grave de nossa geração. É uma luta pelo futuro da Europa", disse.