Título: Chalita ofuscado
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 16/09/2011, Política, p. 2

O rescaldo da queda do ex-ministro do Turismo, Pedro Novais, e a exposição de rachaduras internas no PMDB ofuscaram os holofotes apontados pela legenda ao deputado e pré-candidato da legenda à prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, tratado como uma estrela entre os palestrantes do fórum do partido. Escalado para falar sobre educação, Chalita destoou das apresentações restantes, que incluíram ataques diretos ao PT e trataram as eleições de 2012 como "uma guerra", nas palavras do deputado Eliseu Padilha (RS).

Uma das mais importantes armas do PMDB na disputa por prefeituras no próximo ano, Chalita preferiu imprimir em sua apresentação um tom de Pedagogia do amor, um de seus livros mais conhecidos. O deputado defendeu que novas políticas de educação sejam pensadas dentro da legenda com base no "protagonismo" e no "acolhimento". "Só é possível formar pessoas se for possível acolher pessoas", disse Chalita.

Convidado a entrar no PMDB já com vista à prefeitura de São Paulo, o deputado agradeceu a recepção que teve no partido, onde disse ter encontrado um exemplo perfeito de acolhimento. "Todo ser humano gosta de se sentir acolhido. Significa respeito. O processo educativo começa com acolhimento", disse o deputado.

Tanta suavidade no discurso não atrapalhou a postura de pré-candidato. Chalita distribuiu sorrisos, atendeu a cada militante que quis uma fotografia sua e fez questão de enfatizar seus feitos na Secretaria de Educação de São Paulo, que ocupou em 2005 quando pertencia ao PSDB do governador Geraldo Alckmin. "Minha gestão foi o único período da secretaria que decorreu sem greves de professores nas escolas públicas", jactou-se. "Eu soube acolher os professores", disse o deputado.

Firme na bandeira da educação, Chalita defendeu que o tema seja tratado com prioridade pelos candidatos do partido no pleito de 2012. "Façam uma campanha municipal que nos ajude a mostrar que o povo mais educado tem uma saúde melhor, mais segurança e que cuide melhor da sua cidade", afirmou o deputado, sacando mais um ensinamento: "O bom prefeito é aquele que cuida das pessoas".

Afinado com o discurso dos colegas de partido, o deputado lembrou o papel cumprido pelo PMDB na construção do processo de redemocratização do país, depois do período de ditadura militar, e na base de sustentação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ao falar dos avanços sociais alcançados no período.

Segundo Chalita, o país tirou 40 milhões de pessoas da miséria, mas é preciso tirar o restante. "Não fiquemos no passado. É o futuro que faz com que nós saiamos daqui com paixão, garra, vontade de fazer com que a política seja o grande instumento de mudança, disse o pré-candidato. "Temos que adotar as políticas sociais como nossas bandeiras essenciais. Sejamos o partido do protagonismo, o maior partido do Brasil."

Investigação na Câmara O PSol protocolou ontem à tarde na Mesa Diretora da Câmara representação para que a Corregedoria da Casa investigue as denúncias envolvendo os deputados Pedro Novais (PMDB-MA), ex-ministro do Turismo, e Francisco Escórcio (PMDB-MA). O PSol baseia sua representação na utilização de um funcionário do gabinete de Escórcio para trabalhar de motorista da mulher do ex-ministro em horário de trabalho. De acordo com a representação, os dois deputados feriram o decoro parlamentar ao utilizarem um funcionário pago com dinheiro público para prestar serviço particular. "Naquele dia, o funcionário estava liberado e poderia fazer o que quisesse. Eu não posso ser babá de servidor", disse Escórcio.