Título: BCE anima as bolsas
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 16/09/2011, Economia, p. 13

Em ação coordenada, autoridades monetárias anunciam socorro a bancos europeus e mercados têm dia de alta.

As principais bolsas de valores do mundo tiveram um dia de alívio, ontem, depois que o Banco Central Europeu, com apoio das autoridades monetárias dos Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Suíça, anunciou que vai suprir de forma ilimitada, no último trimestre do ano, as necessidades de dólares do sistema bancário. A notícia animou os investidores e disseminou ganhos entre as principais mercados do globo. A Bolsa de São Paulo (BMF&Bovespa) obteve pequena elevação, de 0,17% e terminou o pregão aos 56.381 pontos. A maior alta do dia ficou em Frankfurt, onde o pregão subiu 3,15%.

A ação coordenada dos bancos centrais abafou uma série de indicadores ruins nos Estados Unidos, onde os pedidos de auxílio desemprego chegaram ao pior nível desde junho. O Departamento de Trabalho informou que as solicitações cresceram na semana de 4 a 10 de setembro, chegando a 428 mil, ante 417 mil na semana anterior. Os dados refletem o comportamento ruim do mercado de trabalho, que ficou estagnado em agosto, mantendo a taxa de desemprego em 9,1% da população ativa. A atividade manufatureira da região da Filadélfia, um dos principais indicadores de produção da economia, também decepcionou e voltou a baixar em setembro, ficando negativa em 17,5 pontos.

Alívio Ainda assim, as bolsas norte-americanas fecharam em alta. O índice Dow Jones terminou o dia com incremento de 1,66%, o S&P 500 avançou 1,72% e a bolsa eletrônica Nasdaq obteve ganho de 1,34%. Do outro lado do Atlântico a Bolsa de Londres também teve um dia positivo e registrou evolução de 2,11%.

O mercado considerou que a ação dos bancos centrais será positiva para o sistema bancário europeu, que enfrenta dificuldades para ter acesso a financiamentos em dólares devido à exposição elevada às dívidas soberanas do bloco econômico. "Pelo menos agora os temores foram reduzidos em parte da Europa", avaliou Mace Blicksilver, analista da gestora de recursos Marblehead Asset Management, de Nova York. "Com a Europa confortável com o que o BCE está fazendo, estamos confortáveis também", disse o gestor de risco em ações do Timber Hill/Interactive Brokers Group, Steve Sosnick.

380 QUEBRARAM DESDE O LEHMAN BROTHERS Mais de 380 bancos comerciais, abatidos pela crise financeira mundial, fecharam as portas nos Estados Unidos nos últimos três anos ¿ desde a quebra do Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008. Os dados são do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), órgão do governo norte-americano que atua como o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) brasileiro. Apesar de não terem causado grandes impactos na economia global, as demais instituições tiveram consequências regionais, uma vez que a maior parte da lista atuava nesse segmento. A falência de tantos bancos em três anos, porém, não chega a preocupar as autoridades. Isso porque o sistema bancário dos EUA tem é muito diferente do brasileiro. Enquanto temos 160 atuantes no segmento, naquele país são 6.500.