O Estado de São Paulo, n. 44587, 14/11/2015. Política, p. A5

Petista questiona presença de arma em ato anti-Dilma.

Líder do partido, Sibá Machado pede ao Governo do Distrito Federal que apure apreensão de pistola de manifestante acampado na capital

O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), pediu ontem ao Ministério da Justiça e ao governo do Distrito Federal que acionem as polícias Federal e Civil para investigar a atuaçãodemovimentosqueestão acampados nos gramados próximosaoCongressoNacional, pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff ou aintervençãomilitar. O petista ainda requereu aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e daCâ- mara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), que cumpram o ato do Legislativo de agosto de 2001 que proíbe acampamentos no gramado em frente ao Congresso. A solicitação foimotivada, segundo o petista, pela prisão, na noite de anteontem, de um manifestante que estava no acampamento dos que pedem a volta do regime militar,localizado no gramado central da Esplanada dosMinistérios.Nocarrodopolicial militar reformado Jorge LuizDamasceno Vidal, a polícia apreendeuumapistola380Taurus e outras armas brancas, como socoinglês, furadores de coco, porrete e sprays de mostarda. Ele foilevado para a 5.ªDelegacia de PolíciaCivil. Segundo a Polícia Civil, ele não tinha a licença devida para usar a arma. “Frente a tal episódio, que revela o caráter violento e fascista dos agrupamentos golpistas, consideramos extremamente temerária a manutenção dos acampamentos nas proximidades do Congresso, que têm por objetivo destituir a presidenta Dilma Rousseff”,afirmou Machadoem nota de repúdio emitida ontem, em nome da bancada do PT. Sem citar nomes de grupos, o líder destaca que o partido respeita a liberdade de expressão e de manifestação, mas avalia que os grupos representam uma“incontesteameaçaaqualquer pessoa que eventualmente circule nas áreas adjacentes aos acampamentos”. Desdeodia21deoutubro,manifestantes doMovimento Brasil Livre (MBL) estão acampados no gramado em frente àCâ- mara. Apesar de ter a autoriza- ção do presidente da Casa, o acampamento contraria ato do Congresso de agosto de 2001, que proíbe montagem de tendas ou similares no gramado em frente aos prédios das duas casas legislativas. Em um gramado mais adiante, há também um pequeno grupo acampado pedindo a intervenção militar. A assessoria da Câmara não se pronunciou sobre o incidente de anteontem. Fora Cunha. Em contraponto ao movimento pró-impeachment,integrantesdoUniãoNacional dos Estudantes (UNE), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) promoveram ontem passeatas, em Brasília, em defesa do mandato de Dilma e pedindo a saída de Cunha da presidência da Câmara. Eles também criticaram o ajuste fiscal e pediram a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Segundo a PolíciaMilitar, cerca de 3 mil manifestantes participaram da manifestação. Houve apenas um princípio de confusão entre membros da Juventude Socialista Brasileira (JBS) e o grupo pró-interven- çãomilitar.Manifestações contra Cunha também ocorreram em outras capitais do País, como SãoPaulo,PortoAlegre,Fortaleza e João Pessoa, além de cidades como Campinas (SP).