Valor econômico, v. 16, n. 3948, 23/23/2016. Brasil, p. A2

Pesquisa da vacina contra a dengue terá financiamento federal

Por Cristiane Agostine | De São Paulo

A presidente Dilma Rousseff participou ontem, em São Paulo, da assinatura de contrato com o Instituto Butantan para destinar R$ 100 milhões para o financiamento da terceira e última fase da vacina contra a dengue. O governo federal deve investir, no total, R$ 300 milhões para o desenvolvimento e produção da vacina.

Além dos R$ 100 milhões do Ministério da Saúde anunciados ontem, o governo federal deve destinar R$ 100 milhões para pesquisa, por meio de um contrato da Finep, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e outros R$ 100 milhões via BNDES, para investimentos na fábrica que produzirá a vacina e soro contra a doença.

Na terceira fase de testes da vacina contra a dengue, que começou ontem, serão vacinados 17 mil voluntários de 13 cidades nas cinco regiões do país. Em São Paulo, serão 1,2 mil pessoas. A previsão mais otimista do Instituto Butantan é que a vacina fique pronta para ser aplicada somente em 2018.

Ao lado do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), Dilma afirmou que o desafio do país é chegar a uma vacina contra o zika vírus. Segundo a presidente, uma das possibilidades estudadas é fazer com que a vacina contra a dengue, que deve combater quatro sorotipos da doença (quadrivalente), seja capaz de combater também o zika (pentavalente). Outro caminho seria produzir uma vacina específica contra o zika.

A presidente anunciou também a destinação de R$ 8,5 milhões para financiar o desenvolvimento do soro contra o zika, destinado a grávidas que já foram infectadas pelo vírus.

Os recursos foram anunciados depois de cobrança do diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, que reclamou da falta de verbas para a pesquisa. Ontem, Kalil disse que ficou sabendo apenas na sexta-feira da destinação dos R$ 100 milhões e da vinda de Dilma a São Paulo.

Em meio ao anúncio de financiamento federal, o secretário estadual de Saúde, David Uip, disse que "não faltarão recursos" para o desenvolvimento da vacina.

O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, disse à imprensa que a capital paulista pode ter um aumento no número de casos de dengue neste ano "porque os fatores de risco continuam."

Hoje, em Brasília, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, deve se encontrar com Dilma para tratar do avanço dos casos de dengue e zika. A presidente deve apresentar as ações que o governo tem adotado para erradicar o mosquito Aedes aegypti, vetor dos vírus da dengue, do zika e da febre chikungunya. Margaret também irá a Pernambuco, Estado que registra o maior número de casos de microcefalia possivelmente associados à infecção pelo zika.(Com Agência Brasil)