Romário entra em contradição sobre conta na Suíça

Romário entra em contradição sobre conta na Suíça

Senador alegou falta de vínculo com banco, mas foi correntista quando jogou na Europa

O senador Romário (PSB-RJ) entrou em contradição ao explicar a suposta existência de uma conta não declarada às autoridades brasileiras no banco suíço BSI. Em entrevista publicada ontem no GLOBO, ele afirmou que já foi correntista da instituição quando atuou por clubes europeus, entre o fim dos anos 1980 e meados dos anos 1990. O senador não soube precisar quando a conta foi encerrada. No dia 31 de julho, no Facebook, Romário dissera que o banco havia admitido que ele nunca tivera vínculo com a instituição.

REPRODUÇÃO/FACEBOOK

O documento divulgado pelo BSI na ocasião atesta, na verdade, que uma conta citada pela revista “Veja”, em julho, não era do senador naquele momento. Em carta endereçada ao procurador-geral de Genebra, Olivier Jornot, o banco afirmou: “verificamos com certeza que esta afirmação (a existência da conta) é falsa e que o senhor Romário de Souza Faria não é titular de conta em nosso banco”. O BSI não especificou se o senador já fora correntista em outra época. Ao GLOBO, o senador negou que seja titular de conta neste banco.

Como mostrou o colunista Lauro Jardim, o senador também afirmou, no Facebook, ter dois documentos que não possui: um oficio do Ministério Público da Suíça e outro do Ministério Público do Brasil afirmando que ele não tinha conta na Suíça. As autoridades suíças não se manifestaram sobre o assunto, enquanto a certidão emitida pelo órgão brasileiro no dia 30 de julho afirma que não há investigação instaurada sobre a “suposta existência de conta corrente” na Suíça. A assessoria do senador afirmou que houve um “equívoco” na afirmação e que o único documento de que o senador dispõe foi fornecido pelo BSI. Até o fechamento desta edição, Romário não havia respondido a respeito das diferentes versões sobre sua ligação com o banco.

SENADOR PEDE INVESTIGAÇÃO NA SUÍÇA

Ontem, o senador solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que peça ao Ministério Público da Suíça a abertura de uma investigação para apurar se a suposta conta em seu nome no BSI existe ou já existiu algum dia. A existência de uma suposta conta, ainda em atividade e com saldo equivalente a R$ 7,5 milhões, foi revelada em julho pela “Veja”. Após o episódio, o senador foi à Suíça e ironizou a situação, se dizendo “chateado” por não ser o dono da conta.

O assunto voltou à tona após a divulgação do áudio da conversa entre o senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso na quarta-feira, e o advogado Edson Ribeiro, detido na manhã de ontem. A existência da suposta conta é citada e há a insinuação de que o encerramento dela estaria relacionado a um acordo para Romário apoiar o candidato de Eduardo Paes (PMDB) à sua sucessão na prefeitura do Rio, o secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo (PMDB). Um dos sócios do Banco BTG Pactual, dono do BSI, é Guilherme Paes, irmão do prefeito.

No requerimento, Romário afirma que foi envolvido na conversa entre Delcídio, Bernardo Cerveró e o advogado como “partícipe de um suposto esquema de favorecimento, alinhavado com o prefeito do município do Rio de Janeiro, Sr. Eduardo Paes, para ‘livrar-me’ de suposta

Ironia.

No fim de julho, Romário foi à Suíça e postou foto se dizendo “chateado” por não ser dono da conta. Em post, disse que revista teria que “responder à Justiça” ocultação de recursos havidos junto ao BSI e não declarados ao fisco, em troca de apoio político ao futuro candidato do PMDB, Sr. Pedro Paulo”. O senador solicita a abertura de “procedimento investigatório, a fim de apurar se a suposta conta bancária apontada pela revista Veja, como sendo de minha titularidade do BSI, realmente existe e, ainda, se algum existiu, assim como se já houve qualquer movimentação na malsinada conta bancária”. Ontem, o GLOBO mostrou que a PGR vai apurar a existência da suposta conta. Procurado, o MP suíço não respondeu.