Título: Eles não têm partido
Autor: Filizola, Paula; Decat, Erich
Fonte: Correio Braziliense, 25/09/2011, Política, p. 6
Se comparada com as manifestações do passado, o grande mote das mobilizações atuais atende por princípios como organização espontânea e ausência de vínculos partidários. Antes, as manifestações passavam, necessariamente, pelo apoio de políticos e a ajuda de entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE). "Essas ferramentas possibilitam isso. Os movimentos hoje têm mais amplitude", diz o diretor do Instituto FSB, Leonardo Barreto. Apesar de começarem por meio da internet, o carioca Eudes Santos reforça que é preciso prezar pela organização para garantir o sucesso das ações. "Na minha opinião, um movimento desorganizado pode ser um tiro no pé", acrescentou.
Celulares De acordo com a professora de Comunicação da PUC-SP Polyanna Ferrari, as recentes mobilizações ganharam ainda mais força por causa da facilidade na venda de aparelhos de celular e computadores com conexão direta às redes sociais. "As classes C e D caíram na rede por meio do celular. Mesmo quando se compra um pré-pago, as pessoas pedem com acesso à rede. Hoje temos um movimento de todas as classes, não podemos dizer que é apenas da A e B", ressalta ela.
Com a força da internet, uma mudança real deixou de ser utopia. "O que está acontecendo agora com os movimentos anti-corrupção país afora são um sinal de que as coisas podem estar mudando. Juntar algumas dezenas de milhares de pessoas é algo de extremo valor", reforçou o funcionário público André Dutra. (PF e ED)