Título: Gestos de indignação
Autor: Filizola, Paula; Decat, Erich
Fonte: Correio Braziliense, 25/09/2011, Política, p. 6
O movimento "Diretas Já" foi marcado por manifestações populares em diversas cidades do país, no ano de 1984. A mobilização política democrática tinha como objetivo a aprovação da emenda Dante de Oliveira, que tramitava no Congresso Nacional para reestabeler as eleições diretas para presidente da República.
O momento mais marcante foi a reunião de centenas de milhares de brasileiros na Praça da Sé, na cidade de São Paulo. Apesar da pressão popular, a emenda foi derrubada por uma diferença de 22 votos, durante sessão realizada em abril de 1984. O clima de redemocratização, no entanto, permaneceu no debate social e quatro anos depois, em 1989, o país voltou a ter eleições diretas para presidente, depois de estabelecida a Constituição de 1988.
Assim como o movimento das Diretas Já, o dos caras pintadas também teve cunho político. Nos meses de agosto e setembro de 1992, milhares de jovens tomaram as ruas de várias cidades do país para pedirem o impeachment do então presidente da República, Fernando Collor de Mello. A iniciativa surgiu em meio a uma série de denúncias de corrupção feita pelo próprio irmão do chefe do Executivo, Pedro Collor.
Renúncia A pressão da sociedade fez com que o Congresso Nacional instalasse, em junho, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as suspeitas de irregularidades. Um dos momentos marcantes foi quando Collor fez um pronunciamento ¿ nas rádios e na televisão ¿ e pediu à população que saísse de verde e amarelo às ruas em sinal de apoio a ele. Dois dias depois, a única cor vista nas manifestações era o preto. O gesto foi um sinal de luto contra a corrupção e ficou conhecido como o "domingo negro". Com o processo de impeachment aberto no Senado em 2 de outubro, Collor renunciou ao cargo.