Título: Solução para a Grécia no limite
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 26/09/2011, Economia, p. 9

País europeu volta a se comprometer com FMI e UE para receber nova parcela do socorro dos credores, mas avisa que não conseguirá obter nas privatizações o total de 1,7 bilhão de euros exigidos pelos organismos internacionais

Washington ¿ A fraca administração pública da Grécia complicou muito os esforços de Atenas para sair de uma crise financeira, que está sacudindo a Zona do Euro, mas, às vésperas da retomada das negociações de nova ajuda do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia, o governo do país voltou a se comprometer com todas as exigências para cumprir as obrigações com os credores. Contudo, o país reconheceu que conseguirá somente 1,4 bilhão dos 1,7 bilhão de euros exigidos pelos organismos internacionais com privatizações. Ontem, cerca de 2 mil manifestantes foram às ruas da capital protestar contra as reformas recessivas e foram recebidos com violência pela polícia.

Depois de uma banqueiros gregos, o ministro das Finanças do país, Evangelos Venizelos, disse que as instituições estão dispostas a participar de um segundo acordo de ajuda ao país. Ele voltou a assegurar que as metas estabelecidas para o envolvimento do setor privado, numa reestruturação da dívida, serão alcançadas. "É decisão final e irrevogável da Grécia fazer o que for necessário para cumprir as suas obrigações com os seus parceiros, com a Zona do Euro e com o FMI", disse. Mas Venizelos admtiu que a Grécia ficará abaixo das ambiciosas metas de privatização ¿ condição estabelecida por UE e FMI para manterem o financiamento e evitar um calote grego.

"A Grécia sente a incerteza internacional, mas não é o bode expiatório da Zona do Euro ou da economia internacional", disse Venizelos. Ao se reunir com Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, o ministro declarou que "a Grécia sempre será um país membro da UE e da Zona do Euro", numa resposta às especulações de que o país poderia deixar a união monetária europeia. "Se não fizermos sacrifícios, nossa soberania ficará em jogo", disse, após o encontro com Lagarde.

Resgate No começo de setembro, a lenta implementação de medidas fiscais impopulares e de reformas levou inspetores da UE, do FMI e do Banco Central Europeu (BCE) a abandonarem Atenas, onde negociavam os termos da nova parcela de ajuda aos gregos.

O ministro da Economia da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, levantou a possibilidade de mudanças na forma como as lideranças da Zona do Euro estão lidando com a crise de dívida da região, incluindo um fundo de resgate mais poderoso. Schaeuble afirmou que estar aberto à ideia de aumentar os recursos do Fundo Europeu de Estabilida de Financeira (Feef), mas isso não significa necessariamente que o Banco Central Europeu deverá fornecer capital adicional. "Há outras possibilidades do que ir ao BCE", sinalizou ele. A Alemanha tem se mostrado relutante em colocar mais de seu próprio dinheiro para reforçar o fundo de resgate de países da região em dificuldade, como a Grécia.

O ministro alemão não quis dar detalhes sobre a possível participação de bancos privados em um segundo pacote de resgate da Grécia. Pelas negociações em curso, as instituições financeiras terão que aceitar uma dedução de 21% sobre o valor de bônus gregos que detêm ¿ o que não deixa de ser uma forma de calote. As instituições gregas, segundo Venizelos, estão de acordo com o próximo socorro financeiro, aceitando plenamente as perdas que virão.