Título: Contra o registro do partido
Autor: Abreu, Diego; Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 27/09/2011, Política, p. 2
Sandra Cureau, vice-procuradora-geral eleitoral do Ministério Público Federal, debruçou-se nos últimos meses ao processo de criação do PSD. Comprou a briga por mais diligências por entender que as denúncias envolvendo a nova legenda eram graves. As negativas de investigação levaram a procuradora a sugerir, então, o indeferimento do registro eleitoral. Para ela, o PSD só demonstrou o apoiamento de 221.969 eleitores, número inferior ao exigido para demonstrar o caráter nacional do partido.
Cureau é, segundo colegas, assim: uma legalista. Há mais de 30 anos no MPF, a vice-procuradora geral mantém uma atuação forte ainda nas áreas de meio ambiente e de patrimônio cultural. A diferença destas duas com o eleitoral? "Está nas paixões mais vibrantes e no tempo. A eleição está em curso e é aí que as paixões se acirram", comenta Cureau. Durante as eleições de 2010, foi alvo de críticas de militantes por conta da sua atuação e dos pedidos de multa contra os candidatos. Bem humorada, ela não perde o sono. Também não é de levar trabalho para casa. Transforma o trabalho em casa. Durante as eleições, passava fins de semana e madrugadas no gabinete. Mesmo com uma equipe pequena, Cureau zerou o resíduo de processos na área eleitoral.
A vice-procuradora nunca pediu proteção policial, apesar de já ter atuado no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas. Mas foi no eleitoral que passou mais susto. Já teve que "fugir" de um tribunal em um processo contra um prefeito. "Houve uma quebra de respeito pelas instituições. Quem faz isso sai com um sentimento de impunidade, que é horrível para o país", completa. (AR)