Um ano sem obras novas

Isa Stacciarini

05/01/2015

Em um ano de dificuldade orçamentária e deficit no caixa, apenas as obras que já tinham começado na gestão anterior tiveram continuidade no governo socialista. Nos 12 primeiros meses, o Governo do Distrito Federal (GDF) precisou escolher no que investir para não perder recursos provenientes da União referentes a convênios firmados. Por isso, recuperou parte do que estava paralisado.


Como resultado, investiu em infraestrutura de regiões como o Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia, Vicente Pires e Buritizinho, em Sobradinho II; resgatou o ex-programa Águas do DF, rebatizado como Drenar Brasília, para minimizar os efeitos da chuva na Asa Norte e em Taguatinga, previsto para ser finalizado em outubro de 2017; assinou contrato de R$ 544 milhões para obras do corredor Eixo-Oeste, que ligará Ceilândia, Taguatinga e Plano Piloto; retomou a construção dos 10km da pista especial do Parque da Cidade, como nova opção para caminhadas e pedaladas; e articulou a obra do túnel rodoviário de Taguatinga.


No Sol Nascente, em Vicente Pires e no Buritizinho, Rodrigo Rollemberg (PSB) focou em obras de urbanização. No Sol Nascente, serão investidos R$ 187 milhões em três trechos. A previsão é de construção de 177,8km de pavimentação e 76,78km de drenagem.


Em Vicente Pires, serão aplicados R$ 467 milhões em urbanização. Em setembro, o governo emitiu ordem de serviço para início das obras da Gleba III, próximo ao Jóquei Clube, e, em 10 de dezembro, emitiu documento que autoriza o início dos trabalhos na Gleba I, que margeia a EPTG e o Pistão Norte. No Buritizinho, pretende-se gastar R$ 37 milhões em infraestrutura.


Segundo o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp), Julio Cesar Peres, um dos pilares principais da pasta é realizar a infraestrutura de áreas mais carentes. "Principalmente agora, com o problema grave das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, faz-se necessário tentar ter um maior número de unidades de esgoto ligadas." Ele ressaltou, ainda, que o governo descentralizou R$ 50 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Moradia para execução de obras e apartamentos do Sol Nascente. 

Pouca evolução 

Por outro lado, a recuperação do Jardim Burle Marx, do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), do Teatro Nacional Cláudio Santoro, do Espaço Cultural Renato Russo e da Concha Acústica pouco evoluiu. Apesar de o secretário garantir que tem dinheiro empenhado para pagar a obra do Jardim Burle Marx, no Noroeste, por exemplo, prometida para ficar pronta na Copa do Mundo de 2014, a empresa contratada para tocar o projeto tem deixado de operar. "Estamos, agora, partindo para as penalidades. Com o cancelamento dos contratos pelo governo passado, as empresas não passaram esses empenhos como restos a pagar e ficaram descapitalizadas."


Já o VLT, outro projeto previsto para a época do Mundial, está parado desde 2010. A Secretaria de Mobilidade do DF informou que será assinado um contrato para a liberação de recursos que possibilitará a execução do edital para estudos e projetos da obra. A verba será liberada pelo governo federal. A previsão orçamentária é de R$ 77 milhões, a ser investido no VLT Monumental, que fará o trajeto da antiga Rodoferroviária até a Esplanada dos Ministérios, e no VLT TAS/TAN, que sairá do terminal de ônibus da Asa Sul até o da Asa Norte passando pela via W3.


No caso do Teatro Nacional, segundo Peres, seriam necessários R$ 240 milhões para revitalizá-lo. Sem condições financeiras, o chefe da Sinesp explicou que o Clube de Engenharia procurou o governo, que vai montar uma parceria por meio da Novacap para fazer uma escala de investimento. "Queremos apresentar a proposta ao governador para que, pelo menos, uma das salas volte a funcionar ainda no primeiro semestre. Uma minuta de convênio será apresentada à Procuradoria-Geral do DF", afirmou. De acordo com a Secretaria de Cultura, a pasta está montando um grupo de trabalho em conjunto com o Ministério da Cultua para realizar um reestudo do projeto arquitetônico contratado em 2014.


Para reabrir as portas do Espaço Cultural Renato Russo, na Asa Sul, o governo deve gastar em torno de R$ 6 milhões. "A ideia é que, em agosto, possamos liberá-lo", afirmou Peres. Segundo o secretário de Cultura, Guilherme Reis, as obras estão previstas para começarem em janeiro.


Para o projeto da Concha Acústica, Peres informou que no primeiro contrato foi realizada terraplanagem, sistema viário e estacionamento. "A obra também será realizada por meio de convênio com a Terracap. Nós conseguimos R$ 1,4 milhão para a empresa concluir a primeira etapa e finalizar a segunda fase. A ideia é que a primeira etapa termine no fim de janeiro e, em fevereiro, inicie a segunda fase para ser entregue no fim de junho", disse.

Infraestrutura

O fim do Lixão da Estrutural e o início da operação do Aterro Sanitário Oeste, em Samambaia, está previsto para julho de 2016. Peres explicou que a empresa que faz o Aterro Sanitário de Anápolis está preparando o terreno, por meio de uma concessão pública, para a área poder receber os resíduos. "Mas existem obras complementares." O secretário ressaltou que fará mais duas licitações: uma para a edificação da estrutura onde funcionará a parte administrativa e outra para uma nova escola da Guariroba, em Ceilândia, que, com o início das atividades, não vai poder mais funcionar no local.


No Condomínio Sol Nascente, em Ceilândia, Peres destacou a construção de um restaurante comunitário, que deve atender a cerca de 800 mil pessoas por ano. A parte civil está pronta e é necessário, agora, adquirir equipamentos.

 

Projetos para 2016

A licitação para o viaduto da Epig, que ligará o Sudoeste ao Parque da Cidade, deve ser feita este mês. Antes, a Sinesp deve cumprir todas as exigências do Tribunal de Contas da União (TCU). Para isso, serão feitos três certames: um para o remanejamento das adutoras pela Caesb, que deve custar R$ 5,9 milhões; outra para o remanejamento da parte elétrica pela CEB, ao custo de R$ 680 mil; e a terceira para a obra em si. “Como a parte do remanejamento das adutoras deve durar 120 dias, esperamos que essa etapa fique pronta até o fim de abril para começar as obras do viaduto em maio e finalizá-la em oito meses”, estima o Julio Cesar Peres.


A pasta também deve fazer uma licitação de R$ 50 milhões para recuperação e execução de calçadas. A concorrência pública será para os próximos três anos de governo. “Conseguimos colocar algo em torno R$ 15 milhões no Banco do Brasil para investir em calçadas. Queremos, em 2016, fazer pelo menos R$ 25 milhões em calçadas, recuperação de meio-fio, além de realizar nova licitação para manutenção de parques e quadra de esportes.” Também será realizada concorrência de R$ 20 milhões para ciclovia.


A Sinesp assumiu, ainda, a coordenação para atuar na área desobstruída da orla do Lago. Para isso, está realizando um levantamento topográfico da área. “A nossa expectativa é entregar a área até o fim de março à população, com gramado, plantio de árvores, iluminação pública e ciclovia”, explicou.


Ao longo do ano, a estimativa é concluir, também, a pista de caminhada do Parque da Cidade. A Sinesp pretende, ainda, finalizar as obras de qualificação da Cidade do Automóvel (SCIA); a Gleba 3 de Vicente Pires e parte das obras do Sol Nascente; o Asfalto Novo II, para contemplar melhorias nas pistas de regiões administrativas; a construção de baias e calçadas ao longo do Eixo Monumental e a execução e recuperação de calçadas com rampas de acessibilidade em vários pontos do DF.


 Já para evitar alagamentos e inundação nas chuvas antes do plano Drenar Brasília, a Sinesp conseguiu dois caminhões da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) para desentupimento de rede, além de robôs, que fazem o monitoramento de áreas mais críticas. O projeto, que tem um custo estimado de R$ 280 milhões, deve durar 18 meses e será feito por etapas. “Queremos, com a chuvas de 2016, estar com a primeira parte pronta”, ressaltou.

 

Correio braziliense, n. 19216, 05/01/2016. Cidades, p. 21