Naira Trindade

Numa tentativa de reaproximação, a presidente Dilma Rousseff e o vice, Michel Temer, devem se encontrar pela primeira vez no ano, hoje, no Palácio do Planalto. A pauta da reunião será definida pela chefe de estado e Temer participará como “ouvinte”, classificam interlocutores. Desde o ano passado, a relação entre ambos está publicamente estremecida desde que o vice encaminhou uma carta de desabafo à presidente alegando ter sido escanteado no governo dela.

Responsável por intermediar o encontro, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, ligou para o vice na terça-feira da semana passada para convidá-lo para o encontro. Temer estava embarcando para São Paulo. Segundo interlocutores, teria perguntado a Wagner se queria que voltasse para vê-la, mas Wagner esclareceu que a reunião poderia ocorrer quando Temer voltasse. Deixaram marcado para a manhã de hoje.

No início de dezembro passado, Temer enviou uma carta à presidente pontuando pelo menos 11 momentos em que teria se sentido isolado ou abandonado das ações do governo. “Esta é uma carta pessoal. É um desabafo que já deveria ter feito há muito tempo”, começou Temer, descrevendo sua insatisfação. “Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo”, prosseguiu o vice.

Relação “muito boa”

Desde então, a relação entre os dois ficou ainda pior. Na primeira vez que tomou café com jornalistas, há duas semanas, Dilma respondeu que a relação com o vice era “muito boa”, não contendo os risos. Na semana passada, ao sentar novamente com jornalistas para um segundo café, a presidente reforçou ter “toda consideração com Temer”, além de frisar que era “muito importante manter uma relação de absoluto respeito, proximidade, fraterna”.

Entre os temas que a presidente e o vice têm em comum está a indicação de um ministro do PMDB para ocupar a Aviação Civil. Na semana passada, o deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG) — um dos cotados para assumir a pasta — se reuniu com Temer na Vice-Presidência para tratar da indicação dele. A indicação de um mineiro à pasta visa atender a um acordo para manter um líder do partido na Câmara que seja aliado ao Planalto, como é o caso de Leonardo Picciani (PMDB-RJ).

Cármen Lúcia é presidente interina

A ministra Cármen Lúcia assume interinamente a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) até 31 de janeiro. Durante o restante do recesso do Judiciário, ficará a cargo dela decidir questões urgentes, mesmo que a relatoria do processo seja de outro ministro. De 18 de dezembro de 2015 a 15 de janeiro deste ano, a função de plantonista do Supremo foi do presidente, Ricardo Lewandowski.