» CELIA PERRONE
O tarifaço e a recessão do ano passado resultaram em queda de 1,8% do consumo de energia em relação a 2014. Foi o que divulgou ontem o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Segundo o relatório houve retração de 3,2% da demanda no Sul, no Sudeste e no Centro- Oeste, que responde por mais de 60% do consumo e concentra as principais indústrias do país. No Nordeste, mesmo com a crise hídrica, houve aumento de demanda de 3,2% e no Norte 1,7%.
Adriano Pires, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor fundador do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie), considera o resultado péssimo, pois reflete o baixo crescimento da atividade econômica. “Essa notícia já era esperada. A queda do consumo vem se dando há alguns anos e tende a se repetir em 2016”, previu. “O governo está resolvendo o equilíbrio energético mais com políticas que controlam a demanda, do que com expansão de oferta”, criticou.
Para Pires, “o estrago que o governo fez no setor desde 2012” vai demorar para ser consertado. “O governo precisa reconquistar a credibilidade. Em três anos, emitiu nove medidas provisórias e sete decretos. Isso só cria insegurança no setor”, constatou. Ele duvida que haja mudança de bandeira ainda no primeiro semestre. “Realmente choveu no Sudeste, mas Ilha Solteira continua com problemas e o Nordeste ainda está muito seco” ,disse.
Já o professor Marcos Freitas, coordenador do Instituto Virtual de Mudanças Globais (Coppe/IVIG), considera que, do ponto de vista hídrico, a bandeira deveria ser mudada, mas o problema é a instabilidade econômica do setor, depois da intervenção “atabalhoada” do governo, que deixou várias usinas com prejuízos. “Parte da bandeira está cobrindo deficit e acaba virando habitué no faturamento”, ressaltou.