O globo, n. 30111, 15/01/2016. País, p. 9

Menos mortes na cidade

Vera Araújo

A cidade do Rio fechou o ano de 2015 com um índice de 18,6 homicídios dolosos para cada cem mil habitantes, o menor registrado desde o início da série histórica, em 1991, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) obtidos com exclusividade pelo GLOBO. Foram 1.202 assassinatos praticados intencionalmente ano passado no município, um número que, mesmo não sendo baixo, está distante dos 4.081 casos registrados em 1994, quando a quantidade de mortes bateu recorde.

Apesar de o índice corresponder a um resultado positivo de sua pasta, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, reconhece que o medo da violência persiste no dia a dia da população carioca. E, ao comentar a estatística, destaca que “não há jogo ganho no combate à criminalidade”:

— Uma série de ocorrências criminais causou um impacto muito forte em 2015. Sei que as pessoas têm uma sensação de insegurança no Rio. Na Linha Vermelha, por exemplo, marginais atacaram, de cima da passarela, uma equipe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, no fim do ano passado. O tiroteio provocou o fechamento da via. Isso tem um efeito negativo. Existem problemas? Claro que sim. Há muito ainda a fazer, mas, quando reduzimos o índice de homicídios, estamos dando nossa contribuição. O número do ISP nos orgulha. No entanto, como sempre digo, não há vitória quando o assunto é segurança pública.

No estado, o índice de homicídios dolosos para cada cem mil habitantes foi de 25,4, quase tão bom quanto o de 2012 — 25,1 —, o melhor da série histórica. Segundo o ISP, que ainda não concluiu todas as estatísticas do ano passado, os chamados roubos de rua (que incluem assaltos a pedestres e a passageiros de ônibus, além de casos de celulares levados por bandidos) também sofreram uma significativa redução em todo o território fluminense. Em 2015, foram 85.458 registros (516,4 por cem mil habitantes), contra 95.535 (580,4) em 2014. Ou seja: houve 10.077 casos a menos. Já o índice de roubos de veículos foi 47 para cada dez mil, contra 51,8 em 2014. Em 2006, um ano antes de Beltrame assumir o cargo de secretário de Segurança, o índice era de 88,9.

— O meu carro-chefe é a vida. Mas estou feliz com essas reduções, embora eu saiba que o Rio é o Rio. Temos o mundo inteiro no nosso pé, principalmente quando a questão é homicídio. A Human Rights Watch, a Anistia Internacional e outras organizações internacionais nos cobram muito, e nós também nos cobramos. Em 2009, quando criamos metas, consultorias mostraram os índices de homicídios dolosos de diversos lugares do mundo. O de Washington, por exemplo, era 18 para cada cem mil habitantes; achei alto para a sociedade dos Estados Unidos. Agora, também estamos na casa dos 18. Queremos baixar ainda mais. É um constante desafio — afirma Beltrame.

A cidade do Rio fechou o ano de 2015 com um índice de 18,6 homicídios dolosos para cada cem mil habitantes, o menor registrado desde o início da série histórica, em 1991, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) obtidos com exclusividade pelo GLOBO. Foram 1.202 assassinatos praticados intencionalmente ano passado no município, um número que, mesmo não sendo baixo, está distante dos 4.081 casos registrados em 1994, quando a quantidade de mortes bateu recorde.

Apesar de o índice corresponder a um resultado positivo de sua pasta, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, reconhece que o medo da violência persiste no dia a dia da população carioca. E, ao comentar a estatística, destaca que “não há jogo ganho no combate à criminalidade”:

— Uma série de ocorrências criminais causou um impacto muito forte em 2015. Sei que as pessoas têm uma sensação de insegurança no Rio. Na Linha Vermelha, por exemplo, marginais atacaram, de cima da passarela, uma equipe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, no fim do ano passado. O tiroteio provocou o fechamento da via. Isso tem um efeito negativo. Existem problemas? Claro que sim. Há muito ainda a fazer, mas, quando reduzimos o índice de homicídios, estamos dando nossa contribuição. O número do ISP nos orgulha. No entanto, como sempre digo, não há vitória quando o assunto é segurança pública.

No estado, o índice de homicídios dolosos para cada cem mil habitantes foi de 25,4, quase tão bom quanto o de 2012 — 25,1 —, o melhor da série histórica. Segundo o ISP, que ainda não concluiu todas as estatísticas do ano passado, os chamados roubos de rua (que incluem assaltos a pedestres e a passageiros de ônibus, além de casos de celulares levados por bandidos) também sofreram uma significativa redução em todo o território fluminense. Em 2015, foram 85.458 registros (516,4 por cem mil habitantes), contra 95.535 (580,4) em 2014. Ou seja: houve 10.077 casos a menos. Já o índice de roubos de veículos foi 47 para cada dez mil, contra 51,8 em 2014. Em 2006, um ano antes de Beltrame assumir o cargo de secretário de Segurança, o índice era de 88,9.

— O meu carro-chefe é a vida. Mas estou feliz com essas reduções, embora eu saiba que o Rio é o Rio. Temos o mundo inteiro no nosso pé, principalmente quando a questão é homicídio. A Human Rights Watch, a Anistia Internacional e outras organizações internacionais nos cobram muito, e nós também nos cobramos. Em 2009, quando criamos metas, consultorias mostraram os índices de homicídios dolosos de diversos lugares do mundo. O de Washington, por exemplo, era 18 para cada cem mil habitantes; achei alto para a sociedade dos Estados Unidos. Agora, também estamos na casa dos 18. Queremos baixar ainda mais. É um constante desafio — afirma Beltrame.

A cidade do Rio fechou o ano de 2015 com um índice de 18,6 homicídios dolosos para cada cem mil habitantes, o menor registrado desde o início da série histórica, em 1991, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) obtidos com exclusividade pelo GLOBO. Foram 1.202 assassinatos praticados intencionalmente ano passado no município, um número que, mesmo não sendo baixo, está distante dos 4.081 casos registrados em 1994, quando a quantidade de mortes bateu recorde.

Apesar de o índice corresponder a um resultado positivo de sua pasta, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, reconhece que o medo da violência persiste no dia a dia da população carioca. E, ao comentar a estatística, destaca que “não há jogo ganho no combate à criminalidade”:

— Uma série de ocorrências criminais causou um impacto muito forte em 2015. Sei que as pessoas têm uma sensação de insegurança no Rio. Na Linha Vermelha, por exemplo, marginais atacaram, de cima da passarela, uma equipe da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, no fim do ano passado. O tiroteio provocou o fechamento da via. Isso tem um efeito negativo. Existem problemas? Claro que sim. Há muito ainda a fazer, mas, quando reduzimos o índice de homicídios, estamos dando nossa contribuição. O número do ISP nos orgulha. No entanto, como sempre digo, não há vitória quando o assunto é segurança pública.

No estado, o índice de homicídios dolosos para cada cem mil habitantes foi de 25,4, quase tão bom quanto o de 2012 — 25,1 —, o melhor da série histórica. Segundo o ISP, que ainda não concluiu todas as estatísticas do ano passado, os chamados roubos de rua (que incluem assaltos a pedestres e a passageiros de ônibus, além de casos de celulares levados por bandidos) também sofreram uma significativa redução em todo o território fluminense. Em 2015, foram 85.458 registros (516,4 por cem mil habitantes), contra 95.535 (580,4) em 2014. Ou seja: houve 10.077 casos a menos. Já o índice de roubos de veículos foi 47 para cada dez mil, contra 51,8 em 2014. Em 2006, um ano antes de Beltrame assumir o cargo de secretário de Segurança, o índice era de 88,9.

— O meu carro-chefe é a vida. Mas estou feliz com essas reduções, embora eu saiba que o Rio é o Rio. Temos o mundo inteiro no nosso pé, principalmente quando a questão é homicídio. A Human Rights Watch, a Anistia Internacional e outras organizações internacionais nos cobram muito, e nós também nos cobramos. Em 2009, quando criamos metas, consultorias mostraram os índices de homicídios dolosos de diversos lugares do mundo. O de Washington, por exemplo, era 18 para cada cem mil habitantes; achei alto para a sociedade dos Estados Unidos. Agora, também estamos na casa dos 18. Queremos baixar ainda mais. É um constante desafio — afirma Beltrame.

AUTOS DE RESISTÊNCIA SOBEM

Mas, obviamente, nem tudo são flores. Consideradas por muitos especialistas em segurança pública o calcanhar de aquiles de Beltrame, as mortes em decorrência de ação policial (ou autos de resistência) no estado tiveram um aumento de 10,3% na comparação entre 2014 e 2015. Foram 644 casos no ano passado, contra 584 no ano anterior. A 41ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), que abrange Costa Barros, Barros Filho, Parque Columbia e Pavuna, foi a que registrou mais mortes desse tipo: 48.

Beltrame diz que, para tentar diminuir a estatística de autos de resistência, o novo comandante-geral da PM, coronel Edison Duarte, reduziu o período de cobrança de metas de cada batalhão de 30 para dez dias. O objetivo é ter um maior controle da atividade policial. E, ao ser questionado sobre as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), o secretário revela o problema que mais o aflige

— A UPP desorganizou o esquema de venda de drogas do tráfico. Tivemos um ano de 2014 ruim, porque isso fez com que bandidos fossem para o asfalto, aumentando os roubos de rua. Para manter seus negócios, garantir o faturamento de suas facções, eles colocaram mais crianças e adolescentes no crime. Temos aí uma questão que ninguém resolve. Todo mundo foge disso. É uma brincadeira de gato e rato. Prendemos, mas no dia seguinte eles voltam a cometer crimes.

ESPECIALISTA DESTACA A IMPORTÂNCIA DAS UPPS

Apesar das dificuldades enfrentadas pelas UPPs, a cientista política Ilona Szabó, diretora-executiva do Instituto Igarapé, que avalia e propõe políticas públicas, afirma que o programa é um dos responsáveis pela queda na estatística de homicídios dolosos. Ela também cita avanços na integração entre as polícias Civil e Militar como uma das causas da redução da taxa de assassinatos.


— É preciso que essas ações tenham continuidade e sejam aperfeiçoadas, o que inclui o próprio programa das UPPs. O estado deve encontrar a melhor estratégia de policiamento para as comunidades que contam com essas unidades. O programa sofreu muitas críticas, mas se consolidou como uma política importante que precisa ser aperfeiçoada — diz a cientista política.