Título: PSD pede tempo para ser governista
Autor: Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 30/09/2011, Política, p. 4
Dois dias depois de o PSD ter seu registro aprovado pela Justiça Eleitoral, o Palácio do Planalto iniciou as manobras para agregar a sigla à base aliada. O primeiro gesto de aproximação foi feito ontem pelo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). A acoplagem à base do governo, contudo, terá de ser um processo lento e gradual, de forma a evitar que cole no partido a pecha de legenda de aluguel.
Em conversa informal no plenário da Casa, Vaccarezza parabenizou o líder da nova legenda na Câmara, Guilherme Campos (SP), e propôs que ele participasse como convidado dos almoços que reunem os líderes da base aliada, tradicionalmente às terças-feiras. Seria uma forma de o Planalto construir uma ponte com o PSD, mesmo sem que a legenda integre de fato a base de sustentação do governo no Congresso.
O convite veio acompanhado de uma longa sequencia de elogios. "É um fato sem precedentes, construir um partido deste tamanho, sem tempo de tevê. Isso tem um significado político imenso, o maior do ano", afirmou Vaccarezza, em conversa com jornalistas. A autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o PSD saísse do papel foi aprovada na última terça-feira, por seis votos contra um.
Discurso Contabilizando uma bancada de 50 deputados, o 28º partido do pais prega a independência, embora tenha todas as características de uma legenda governista. Ainda assim, prefere adiar o "casamento". "Nós nascemos com um discurso de independência e, na semana seguinte, já aparecemos na mesa de almoço da base aliada, participando das discussões. O que iriam pensar de nós?", pondera Campos.
O pudor frente à tentativa de uma aproximação mais apressada segue uma lógica dentro do partido. Fruto de uma dissidência do oposicionista DEM, o PSD foi criado sob o signo da independência, mas com o objetivo claro de compor forças com o Palácio do Planalto. A visita do prefeito de São Paulo e um dos idealizadores do partido, Gilberto Kassab, à presidente Dilma Rousseff, em agosto deste ano, sinalizou a intenção de apoiar o governo.